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Após sofrer rejeição de técnicos por ser mulher, boxeadora brasileira se prepara para estreia na Olimpíada 2016

Após sofrer preconceito por técnicos no início da carreira e lesionar a coluna, a boxeadora Andreia Bandeira deu a volta por cima e encara sua primeira Olimpíada

Por Aline Takashima (colaboradora)
Atualizado em 26 abr 2024, 13h44 - Publicado em 12 ago 2016, 15h37

“Mil cairão ao teu lado e dez mil a tua direita, mas não chegará a ti”, reza Andreia Bandeira enquanto sobe a escada para entrar no ringue. A cada competição, a boxeadora mentaliza o Salmo 91 da Bíblia. Até agora, o ritual deu certo. A atleta de 28 anos conquistou títulos importantes. Foi oito vezes campeã brasileira de boxe, cinco vezes campeã paulista e conquistou o ouro nos Jogos Sul-Americanos, em Medellin, Colômbia, em 2010. Este ano irá participar da sua primeira Olimpíada, na categoria peso médio (até 75 kg).

 

 

Se hoje a pugilista concentra-se para vencer as adversárias no esporte, antes dos 15 anos as lutas ocorriam na rua. “Se eu continuasse assim, morreria cedo. Era briguenta. Foi no boxe que me tornei uma boa cidadã”, revela. Começou a treinar no Centro Olímpico de São Paulo, em 2003. Na época, dividia o ginásio com apenas quatro mulheres. 

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Andreia conta que a popularização da modalidade feminina ocorreu após o lançamento do filme, Menina de Ouro. A obra premiada no Oscar trouxe 40 garotas para dentro do ringue em São Paulo, relembra. O longa de 2004 dirigido por Clint Eastwood conta a história de um técnico relutante que aceita treinar a nova pupila, determinada em ser uma boxeadora de sucesso. Caso semelhante aconteceu com Andreia. Ela conheceu o atual técnico, Messias Gomes, quando deu os primeiros golpes. Em 2003, ele não treinava mulheres. Somente após Andreia sofrer uma lesão na coluna que a impediu de concorrer a uma vaga na Olimpíada de Londres, em 2012, é que ele a aceitou na sua equipe. “Apesar do preconceito entre os treinadores, muitos estão baixando a guarda. A mulher começou a ganhar destaque. A gente tem que mudar os hábitos dos homens”, afirma a atleta.

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As mudanças ocorrem aos poucos. Itens indispensáveis para qualquer mulher, como remédios para cólica e absorventes, não contavam na lista de mantimentos de viagens no começo da carreira de Andreia. “Os nossos treinadores são homens. Eles não entendem que a mulher sente dor e fica sensível quando está menstruada. Alguns compreendem. Mas a maioria acha que a gente está enrolando nos treinos”, lamenta.

Independentemente da fase do ciclo hormonal, Andreia ressalta que seu foco é 100%. “Abri mão de família e amigos para chegar até aqui. Não vim só participar e, sim, fazer a diferença”, resume. Para isso, a atleta conta com a companhia da pugilista Adriana Araújo, que disputa na categoria leve (até 60 kg). As duas representam o Brasil na segunda Olimpíada de que o boxe feminino participa. “Cada luta é uma luta. Cada luta é uma final. Vou dar o meu máximo”, promete. 

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