Faltam menos de duas semanas para o início das Olímpiadas de Tóquio e os atletas brasileiros já estão em terras japonesas finalizando as preparações e últimos detalhes. São mais de 11 mil atletas de 205 países e, pela primeira vez, as mulheres representarão quase metade dos atletas presentes nos jogos olímpicos. sendo a estimativa de 48,8% do total. No Brasil, já temos cerca de 300 atletas classificados no total.
Confira algumas estrelas olímpicas brasileiras para ficar de olho na competição:
Andressinha, meia-campista da Seleção Brasileira
A gaúcha Andressa Cavalari Machry (26) atua como meio-campo do Corinthians e é um dos grandes nomes da atual Seleção Brasileira Feminina.
“Comecei a jogar aos nove anos, no sub-11 masculino, com uns vinte meninos e só eu de menina”
Fã de futebol desde criança, ela nasceu na pequena cidade de Roque González, no interior do Rio Grande do Sul e conta com o apoio da família desde o início de sua trajetória. “No início teve um certo preconceito das pessoas e eu percebia que me olhavam diferente, por ser uma menina jogando futebol, mas com o tempo as pessoas começaram a enxergar diferente e até admirar. Comecei a jogar aos nove anos, no sub-11 masculino, com uns vinte meninos e só eu de menina”, ela conta à Boa Forma.
Junto com um time de garotas do colégio em que estudava, Andressinha se empoderou e conseguiu combater o preconceito e o machismo no esporte, onde busca inspirar outras meninas.
O pai da atleta, Elizeu Machry, jogava na várzea e foi quem incentivou Andressinha a jogar. “Meu pai me levava para vê-lo jogar e alguns anos depois passou a percorrer mais de 1200km todos os finais de semana, mas dessa vez para me acompanhar até os jogos em Pelotas, no Rio Grande do Sul”. Andressinha começou a trabalhar no esporte com apenas 14 anos e já atuou em times americanos.
Em 2019, voltou ao Brasil para jogar pelo Corinthians e conquistou títulos como o Brasileirão e o Paulista, além da Copa América e o Sul-Americano pela Seleção Brasileira.
18 atletas irão representar a Seleção Brasileira em Tóquio e Andressinha revela que ficou emocionada quando escutou seu nome no dia da convocação para os Jogos Olímpicos. A estreia da Seleção está marcada para 21 de julho, em jogo contra a China.
Beatriz Zaneratto, atacante da Seleção Brasileira
Conhecida como a “Imperatriz” da Seleção Brasileira, Beatriz Zaneratto (27) nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, e desde cedo impôs respeito entre os seus colegas, mas enfrentou muito preconceito quando ainda jogava futebol no time da ONG Espaço Criança.
A atacante e artilheira da Seleção, se destacou no time da cidade e virou notícia nos jornais locais e na televisão, tornando-se alvo dos pais de seus colegas, que pediram a expulsão de Bia (com 12 anos na época) no time. “Eu dei um tempo do futebol depois desse episódio e não pensava em voltar. Tentei outros esportes e relutei para voltar a jogar, mas depois de uma ligação do prefeito da cidade, eu resolvi dar uma nova chance e fui jogar em um time feminino e tudo mudou”, conta Bia.
De volta ao seu esporte de coração, a atleta, com então 13 anos, logo foi convocada para jogar na seleção Sub-17. E, aos 17 anos, foi convocada para a Seleção Brasileira, junto com as lendárias Marta e Cristiane.
O pai de Bia, Aparecido Donizete João, sempre foi seu grande incentivador e nunca deixou os comentários interferirem no talento da filha. “Não se pode sufocar um talento por causa de uma hipocrisia da sociedade”, comentou no passado.
Com três Copas do Mundo no currículo, atualmente a atacante joga no Palmeiras e se diz animada para os Jogos Olímpicos de Tóquio. “Estamos nos preparando intensamente e sempre dando o nosso melhor. Nossa treinadora (Pia Sundhage) está sendo cirúrgica na nossa preparação e seguiremos com muita garra”, finaliza Bia.
Duda Arakaki, ginasta rítmica
Com apenas 17 anos, a alagoana Maria Eduarda Arakaki – mais conhecida como Duda Arakaki, é a atual capitã da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica e se mostra uma das grandes promessas do esporte.
“Eu comecei a fazer aulas de dança no meu colégio e foi assim que surgiu o interesse pela ginástica, com apenas seis anos. Motivação e força de vontade sempre caminharam junto comigo”, conta a ginasta.
Em 2019, aos 16 anos de idade e em seu primeiro ano no time de adulto da Seleção Brasileira de Conjuntos, Duda enfrentou seu primeiro grande desafio: uma séria lesão no joelho seguida de uma cirurgia. Com a pandemia, todas as atletas tiveram que voltar para as suas casas (a sede da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica fica localizada em Aracaju, em Sergipe) e a atleta conta que foi um baque para todas, mas isso não as desanimou e continuaram os treinos por meio de uma plataforma online. “As nossas treinadoras, Camila e Bruna, foram essenciais para nos reinventarmos. Elas fizeram todo tipo de atividade possível e cada ginasta conseguiu aprimorar o que tinha de dificuldade e trabalhar suas individualidades. Voltamos com mais vontade e mais garra”, completa.
Depois de mais de um ano sem se apresentar, a primeira competição do ano já estava marcada: a clássica Copa do Mundo de Sófia. Já no aeroporto e com as malas despachadas, veio mais um desafio na carreira da ginasta: Duda fez o PCR e testou positivo para o Covid-19, o que a obrigou ficar no Brasil.
Agora, pronta para os Jogos Olímpicos de Tóquio, ela conta que o maior objetivo é representar muito bem o Brasil lá fora e sair feliz da quadra após a apresentação. “Nós estamos preparadas e treinamos muito para essa competição. A nossa meta é chegar na final olímpica e claro, cravar as séries para sair com uma medalha. O resultado vai ser uma consequência de todo o nosso esforço diário”, finaliza ela.
Martine e Kahena, velejadoras
Martine e Kahena viram seus caminhos se cruzarem ainda na adolescência, mas suas histórias com a vela começaram ainda no início da infância. As duas passaram a participar de competições em barcos diferentes. Elas se tornaram rivais dentro d’água e amigas fora dela.
Em 2009, começaram a atuar como uma dupla e foram campeãs mundiais júnior na classe 420, mas se separaram por um tempo e retomaram a parceria no fim de 2012. Marine e Kahena chegaram ao ápice com a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. E mais: atuaram em decisão inédita nos Jogos Pan-Americanos de 2019, onde foram as porta-bandeiras da delegação brasileira na cerimônia de abertura em Lima – primeira vez que o Brasil foi representado por uma mulher (nesse caso, em dose dupla!) como porta-bandeira nos Jogos Pan-Americanos.
Duda Amorim, jogadora de Handebol
Eleita a melhor jogadora de Handebol da década, a blumenauense Eduarda Amorim (34), é considerada uma grande referência neste esporte – ela joga há quinze anos na Europa. “Foi uma honra receber esse prêmio porque durante toda a minha trajetória eu sempre me esforcei muito para chegar no topo. Eu fiquei muito feliz, é incrível ser reconhecida pelo meu esforço”, diz Duda.
“Conquistar o campeonato do Mundo pelo Brasil com certeza foi memorável”
A atleta saiu de casa com apenas 15 anos, rumo a São Paulo, e com 19 anos já estava embarcando à Europa, em busca do seu maior sonho — se tornar atleta profissional. Deu certo. Dona de mais de 30 títulos e campeã do mundo, a atleta adiou a aposentadoria para jogar no leste europeu, na Rússia. “Conquistar o campeonato do Mundo pelo Brasil, com certeza foi memorável. Assim como o primeiro título da Liga dos Campeões”, conta.
Responsável por transformar a seleção de handebol feminino brasileiro em uma das maiores potências do mundo, Duda começou na ginástica rítmica e com algumas dúvidas, só migrou para o handebol aos 11 anos e por incentivo de sua irmã mais velha, Ana Amorim, também jogadora de handebol. Uma superstição adotada por ela, é sempre fazer um penteado diferente antes de cada partida, como diferentes estilos de tranças.
A armadora brasileira é atleta da Seleção desde 2006, é fluente em quatro línguas (português, inglês, húngaro e macedônio) e é considerada uma das mais vitoriosas esportistas do país. Poder, né? A Seleção feminina de Handebol estreia contra a seleção da Rússia, atual campeã olímpica. O duelo acontecerá no dia 24 de julho.
Ketleyn Quadros, judoca
A história da judoca brasiliense Ketleyn Quadros (33) com o esporte começou ainda na infância, quando a atleta faltava às aulas de natação para assistir aos treinos de judô. “Minha família sempre me apoiou e o meu amor pelo judô foi à primeira vista”, relembra Ketleyn.
A atleta compete na seleção brasileira de judô na categoria leve (até 57kg) e é dona de um marco histórico: foi a primeira mulher brasileira medalhista olímpica em modalidades individuais ao conquistar o bronze em Pequim, com apenas 20 anos de idade. “A dedicação é diária e tem muita gente envolvida nesse processo. No final é gratificante e foi o que eu escolhi pra mim”, comenta a atleta.
“O momento é desafiador (por conta da pandemia), mas a preparação e os treinos foram intensos”
13 anos após essa especial conquista, a já veterana atleta se prepara agora para mais um capítulo, dessa vez em busca do ouro, em Tóquio. “O momento é desafiador (por conta da pandemia), mas a preparação e os treinos foram intensos”, conta.
Antes de embarcar para Tóquio, Ketleyn levou o seu primeiro título pan-americano, em Guadalajara 2021, chegando ao Top 10 do mundo, e em junho conquistou o quinto lugar no Campeonato Mundial, na Hungria. As conquistas foram essenciais para a atleta garantir uma vaga nas Olimpíadas e mais: uma posição de cabeça-de-chave em Tóquio. “A conquista não é só minha, mas também de todos que estão comigo nessa”, finaliza.
As Olímpiadas em Tóquio começam no próximo dia 23 de Julho, com 33 modalidades e atletas dos 5 continentes.
Esse especial faz parte da edição de julho de 2021 de Boa Forma,
que traz a atriz e diretora Danni Suzuki em sua capa.
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