Tem gente que odeia, e gente que ama e não vive sem. O café pode ajudar alguns a espantar o sono pela manhã, mas também atrapalha os que desejam uma boa noite de descanso à noite. A bebida amarga e quentinha levanta, desde sempre, discussões acerca de seus reais benefícios e problemas que pode trazer à saúde. As últimas semanas foram bons exemplos disso: dois estudos sobre o líquido geraram rebuliço nos sites de notícia mundo afora. O primeiro fala da possibilidade do café ajudar na queima de gordura. Já o segundo defende que tomar até 25 xícaras diariamente não prejudicaria em nada a saúde do coração.
25? Isso mesmo, você não leu errado. Uma pesquisa publicada no American Journal of Clinical Nutrition, no começo de março, analisou o consumo de café de mais de 8500 participantes. Eles foram divididos em três grupos: os que ingeriam uma xícara por dia, os que não passavam de três, e os que bebiam de três a 25 (dois voluntários relataram consumir essa quantidade) diariamente. O resultado? Que a ingestão do café não altera em quase nada a rigidez arterial do organismo — uma condição que acarreta em pressão alta, derrame e doenças cardíacas.
É claro que, por ser uma análise recente, outras conclusões ainda precisam ser tiradas. Alguns estudiosos até criticaram o fato de o artigo se concentrar em apenas uma característica da saúde cardíaca, e não em como exatamente a cafeína afeta o órgão.
A segunda pesquisa alegrou aqueles que buscam diminuir medidas. Publicado no Scientific Reports no final de junho, ele revela que a bebida é capaz de estimular as reservas de ‘gordura marrom’, responsáveis pela queima de calorias e produção de calor.
Apesar das conclusões serem animadoras, nada de sair tomando baldes e baldes de café no trabalho, viu? Até porque outras regiões do corpo podem sofrer também. “No momento, a tendência é considerar que o consumo moderado da bebida seja inócuo sobre o risco de problemas cardiovasculares. Não há desvantagens em beber até quatro xícaras pequenas (de 50ml) por dia. Mas quantidades excessivas podem sim prejudicar os rins devido à presença de oxalato”, explica a nutricionista Bianca Naves, especialista em nutrição e cardiologia e nutrição esportiva, e sócia proprietária da clínica NutriOffice, em São Paulo.
Sem contar que ele também influencia no desenvolvimento da gastrite, uma vez que pode enfraquecer a mucosa que reveste o estômago, aumentar sua vulnerabilidade a bactérias e causar irritação. Além disso, rende muitas noites mal dormidas.
Mas, afinal, quais os benefícios?
“O café auxilia na melhora da função cerebral — o desempenho em tarefas cognitivas de longa duração e que exigem estado de alerta. Além disso, ele contribui para acelerar o metabolismo por conter um composto que aumenta o gasto energético”, afirma Bianca Naves.
Quando combinado com a cafeína, os altos níveis de polifenóis e outros compostos bioativos do café melhoram o humor. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas nessa área para identificar combinações, preparações e proporções que garantam esse efeito.
“Alguns cientistas ainda defendem que os polifenóis presentes ajudam a regular a glicose, controlando, assim, a glicemia”, diz a nutricionista. Por isso, não é preciso abandonar o líquido (principalmente no inverno), mas é bom prestar atenção em quantas vezes você está enchendo sua caneca por dia.