Kathrine Switzer, de 70 anos, ficou famosa ao correr uma maratona. Ela foi a primeira mulher a conseguir se inscrever e participar da Maratona de Boston, em 1967, quando a prova permitia apenas a participação masculina. Um ano antes, a corredora Roberta Bobbi Gibb havia se infiltrado na multidão e participado disfarçada com um moletom com capuz. Estudante de jornalismo, Kathrine não queria correr escondida. Pagou os três dólares e inscreveu-se com suas iniciais, mas não deixou de usar seu batom.
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Então com 20 anos, ela acabou tornando-se símbolo da luta pela igualdade das mulheres no esporte de maneira quase involuntária. Enquanto corria, usando o número de peito 261, foi atacada pelo diretor da maratona, Jock Semple, aos gritos de “saia da minha corrida, devolva o número de inscrição”.
Nas fotos que foram feitas do momento, é possível ver um homem de terno escuro com um olhar raivoso tentando agarrar Kathrine, enquanto dois maratonistas – seu treinador e namorado – seguram o perseguidor. Kathrine conseguiu escapar e terminou a corrida em 4 horas e 20 minutos. Apesar de ter cruzado a linha de chegada, ela foi desqualificada e expulsa da União de Atletas Amadores.
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Mas esses 42 quilômetros haviam sido apenas os primeiros passos na trajetória de Kathrine. Depois dessa prova, ela concluiu outras 40, venceu uma (de Nova York) e advogou pela inclusão da maratona para mulheres nos Jogos Olímpicos, em 1984. “Sou muito grata a esse homem raivoso porque ele não mudou apenas a minha vida, mas também a de milhões de mulheres porque, sem querer, chamou atenção para a nossa situação”, disse Kathrine em entrevista ao El País. E, no final, ela e Jock acabaram ficando amigos.
No dia 17 de abril de 2017, 50 anos depois da primeira maratona, foi a vez de voltar para Boston. A 40ª prova dela, agora aos 70 anos, foi a 121ª Maratona de Boston, completada, dessa vez, em 4 horas e 44 minutos. O número de peito foi, novamente, o 261 agora “aposentado” da corrida em homenagem a Kathrine. Justíssimo.
