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Saúde mental no trabalho: sinais de burnout que você precisa reconhecer

Entenda como a sobrecarga de tarefas impacta a saúde mental de mulheres no trabalho e aprenda a reconhecer sinais de alerta

Por Tatiana Magalhães
4 Maio 2025, 18h00 • Atualizado em 5 Maio 2025, 15h12
saúde mental no trabalho
Aprenda a reconhecer os sinais do burnout e, se precisar, não hesite em procurar ajuda profissional! | (freepik/Freepik)
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  • Eu sei que você sempre teve que dar conta — da casa, do trabalho, dos estudos, dos filhos, das cobranças por ser “perfeita” — mas eu também sei que você nem sempre deu (fica tranquila, não vou contar isso pra ninguém).

    Mas pensa só: se algum dia você não der mais conta, pode ter certeza de que alguém vai ter que dar conta de você — o parceiro, a parceira, os amigos, a família, os filhos, os funcionários ou colegas de trabalho. A conta alguma hora acaba chegando.

    E quando o recurso que falta é a saúde, geralmente esta é a conta mais cara que temos a pagar.

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    E não custa caro só pra quem sofre. É caro para o país que, por exemplo, nos últimos três anos gastou cerca de R$ 5,7 milhões com internações por transtorno de ansiedade generalizada (TAG). E se falamos da saúde mental das mulheres, a situação é ainda pior.

    Estudos recentes indicam que mulheres enfrentam taxas mais elevadas de ansiedade, depressão e Burnout em comparação com os homens. No caso de transtornos de ansiedade, a proporção é de aproximadamente 2 mulheres para 1 homem.

    Mas por que isso é importante?

    Porque a disparidade de saúde mental entre mulheres e homens não é aleatória; é o resultado de uma complexa interação de fatores biológicos, sociais e culturais.

    Como a dupla jornada afeta a saúde mental das mulheres no trabalho

    saúde mental das mulheres no trabalho
    Como a dupla jornada afeta a saúde mental das mulheres no trabalho | (freepik/Freepik)
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    Um dos principais fatores de adoecimento da mulher é a sobrecarga resultante da dupla jornada de trabalho.

    Mulheres frequentemente se veem tentando equilibrar carreiras exigentes com responsabilidades domésticas e familiares, o que mais cedo ou mais tarde leva ao esgotamento físico e mental.

    Quem nunca ouviu um “Com quem ficam as crianças?” em uma entrevista de trabalho, que atire o primeiro rivotril.

    Um relatório da ONG Think Olga destaca que a sobrecarga de trabalho doméstico e a jornada de trabalho excessiva foram o segundo fator apontado pelas entrevistadas como tendo maior impacto em sua saúde emocional.

    A desigualdade salarial, aliada às pressões financeiras, agrava ainda mais a situação. Mulheres, mesmo com qualificações equivalentes aos homens, frequentemente recebem salários inferiores, o que aumenta o estresse e a ansiedade relacionados especialmente à segurança financeira.

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    O relatório “Esgotadas” revela que a situação financeira é o fator que mais gera insatisfação para as brasileiras atualmente.

    Pressões no Ambiente de Trabalho

    Pensa que parou por aí? Além das pressões econômicas e da sobrecarga de trabalho, muitas mulheres enfrentam ambientes de trabalho hostis, marcados por assédio moral e sexual.

    O medo constante de sofrer violência é citado por 1 em cada 6 (16%) entrevistadas como fator de impacto em sua saúde mental, segundo o relatório da Think Olga.

    Essa conta de dar conta de tudo tá tão cara que, a partir de maio de 2025, a avaliação de riscos psicossociais se tornará obrigatória na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

    A nova regulamentação da NR-1, promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), exige que as empresas identifiquem e gerenciem fatores como estresse, assédio e carga mental excessiva. Nesse caso, os homens também precisam de um olhar mais cuidadoso.

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    Quais são os sinais de alerta

    Apesar dos desafios e discussões que precisamos ter sobre machismo, racismo, exclusão econômica e social, além do nosso estilo de vida pautado em desempenho, mostrando o quanto nossa sociedade por si só já é adoecedora, é vital que, individualmente, as mulheres estejam atentas aos sinais de alerta que indicam que sua saúde mental no trabalho está sendo prejudicada.

    Sendo assim, fique atenta a:

    • Mudanças no humor: Irritabilidade, tristeza constante ou mudanças repentinas de humor. Tudo isso, em níveis muito mais persistentes do que durante uma TPM, por exemplo.
    • Problemas de sono: Insônia, sono excessivo ou dificuldade em relaxar. A sensação vai de alerta constante à exaustão total.
    • Fadiga constante: Não importa quantas horas você durma, porque quando acorda, já está exausta!
    • Alterações no apetite: Essa engana, porque a mulher sabe que apetite costuma ter vida própria… Mas nesse caso, a perda ou aumento significativo do apetite é mais persistente (dura mais tempo do que uma fase de TPM, por exemplo).
    • Dificuldade de concentração: Problemas em manter o foco, tomar decisões ou realizar tarefas simples, como não conseguir se lembrar de uma senha usual, decidir o que vai fazer no almoço ou sobreviver à hora do banho das crianças.
    • Isolamento social: Você se afasta de amigos e familiares, porque nada mais tem cor, sabor ou prazer. Mesmo aquele passeio que você tanto adorava fazer.
    • Ansiedade e preocupação excessiva: A preocupação é tanta que a sensação é de que você não vai conseguir descansar nunca, e quando descansa, sente medo, acha que algo muito ruim está prestes a acontecer — mesmo sem nenhum motivo concreto para se sentir assim.
    • Sintomas físicos: Dores de cabeça, problemas digestivos, tensão muscular sem causa aparente. Dói tudo porque o corpo fala o que a mente cala.

    Estratégias de autocuidado e proteção da saúde mental no trabalho

    Diante dessas pressões, você consegue entender que autocuidado não é um luxo, mas uma necessidade?

    Aqui estão algumas estratégias eficazes e que você precisa priorizar para não pagar caro na conta da saúde:

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    • Não é não, e ponto: Aprender a dizer não para família, parceiro, filho ou chefe e definir limites claros entre trabalho e vida pessoal é fundamental. Ninguém disse que dizer não era fácil, mas o benefício é garantido!
    • Sono é sagrado: Se em algum momento você perceber que vai cair na armadilha do “trabalhe enquanto eles dormem, volte à sua sanidade criando uma rotina de sono — procure dormir e acordar nos mesmos horários, prezando a quantidade de horas que precisa para se sentir descansada e garantindo que o ambiente seja o mais tranquilo possível durante à noite (de preferência, longe das telas).
    • Comer, rezar e amar: Dos últimos dois a gente fala depois, mas nutrir o corpo com alimentos equilibrados e evitar excessos de açúcar, cafeína e álcool é uma das maneiras que você tem de deixar a conta da saúde mais gorda.
    • Mexa-se: Todo mundo sabe que tá para nascer a mulher que fica parada, mas praticar atividades físicas regularmente também é remédio, afinal, o exercício libera endorfinas e pode ajudar a reduzir o estresse.
    • Faxina na mente: Meditação, mindfulness, respiração profunda ou prática de yoga são algumas ótimas ideias para acalmar a mente. E o melhor: a maioria não custa nada! É só ganho na sua conta da saúde.
    • Conexão social: Manter contato com amigos e familiares, participar de atividades sociais e buscar apoio em grupos é uma das definições de saúde, segundo a própria OMS. O que isso significa? Que o café com as amigas podia ser receita de médico.

    Buscando ajuda profissional

    Por último, mas não menos importante, é bom que você sempre lembre que se os sintomas persistirem, é crucial buscar ajuda profissional.

    Psicólogos e psiquiatras podem oferecer suporte especializado e ajudar a desenvolver estratégias personalizadas. Você não precisa esperar a crise chegar para procurar um psicólogo, mas se estiver, não deixe para depois.

    Ao reconhecermos e abordarmos os desafios únicos enfrentados pelas mulheres no dia a dia, damos um passo importante em direção à criação de um ambiente mais equitativo e sustentável.

    Proteger a saúde mental das mulheres não é apenas uma questão de justiça individual, mas um benefício para toda a sociedade.

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    Por isso, é fundamental que instituições, empresas e indivíduos trabalhem juntos para criar espaços de apoio e políticas inclusivas.

    Cuidar de quem cuida vai além de um simples dever: é um compromisso coletivo para garantir um futuro mais saudável e equilibrado para todas.

    FAQ – Saúde Mental no Trabalho

    1. O que é saúde mental no trabalho?

    A saúde mental no trabalho refere-se ao bem-estar psicológico dos colaboradores no ambiente de trabalho. Isso inclui a forma como as pessoas lidam com o estresse, a pressão e as exigências do trabalho, e como isso afeta sua saúde emocional, física e social.

    Ambientes de trabalho saudáveis promovem o equilíbrio entre as demandas profissionais e o bem-estar dos funcionários, enquanto ambientes tóxicos podem prejudicar a saúde mental.

    2. O que é a NR-1 e como ela impacta a saúde mental no trabalho?

    A NR-1 (Norma Regulamentadora 1) trata das diretrizes gerais sobre a gestão de riscos ocupacionais nas empresas.

    A partir de maio de 2025, a nova regulamentação exigirá que as empresas considerem os fatores psicossociais (como estresse, assédio e sobrecarga mental) na gestão de segurança e saúde no trabalho. Isso será crucial para melhorar a saúde mental das mulheres e de todos os colaboradores, criando ambientes de trabalho mais equilibrados e saudáveis.

    3. O que as empresas podem fazer para promover a saúde mental no trabalho?

    As empresas podem implementar diversas práticas para promover a saúde mental no trabalho, incluindo:

    • Identificar e gerenciar riscos psicossociais, como estresse e assédio
    • Oferecer programas de apoio psicológico, como terapias ou grupos de apoio
    • Incentivar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, permitindo horários flexíveis
    • Promover um ambiente de trabalho inclusivo e livre de assédio
    • Investir em programas de bem-estar, como yoga, meditação e atividades físicas

    4. O que é Burnout e como ele está relacionado à saúde mental no trabalho?

    O Burnout é um estado de exaustão física, emocional e mental causado pelo estresse excessivo e prolongado, geralmente relacionado ao ambiente de trabalho. Ele pode resultar em baixa produtividade, sentimentos de impotência e desconexão com o trabalho.

    Reconhecer os sinais de burnout e procurar tratamento é essencial para evitar danos maiores à saúde mental.

    Tatiana Magalhães

    Psicóloga clínica e pós-graduanda em psicopatologia.

    tmagalee@gmail.com

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