Enquanto muitas pessoas andam por aí com mau hálito sem perceber — quem nunca conheceu uma dessas? Há também o outro lado: de pessoas que acham que tem mau hálito, mas não tem. A condição é associada a algumas psicopatologias e é conhecida como pseudo halitose.
Bruna Conde, cirurgiã dentista e especialista em halitose explica que seria uma cisma de que se tem mau hálito quando, na verdade, a pessoa não possui.
Através de pequenos sinais das pessoas ao seu redor, como coçar o nariz ao falar com você, por exemplo, você pensa “ai meu deus, será que eu tenho mau hálito?”
Pacientes com essa queixa frequentemente desenvolvem inúmeras alterações comportamentais que podem levar até a problemas de saúde físicos, como quando o paciente insiste em uma limpeza excessiva da boca, o levando a desenvolver problemas dentários ao agredir gengivas ou remover o esmalte dos dentes.
Além disso, a pseudo halitose já foi associada a algumas psicopatologias, como transtorno de ansiedade social, fobia específica, síndrome de referência olfatória, dismorfofobia e transtorno obsessivo compulsivo (TOC). “Muitas pessoas não procuram ajuda pra saber se tem ou não tem. A pessoa acaba apenas ecoando esse pensamento de que sim, o que acaba acarretando problemas psicológicos, problemas nos relacionamentos e insegurança de se relacionar. O paciente começa a deixar de fazer certas coisa por conta desse padrão de pensamento obsessivo com o hálito”, diz Bruna.
COMO SABER SE VOCÊ TEM MAU HÁLITO DE VERDADE
O indicado é fazer o teste de halitose.
Para realizar, é preciso que o paciente não coma ou beba nada nem escove os dentes por 4 horas, além de não ter tomado antibióticos nas últimas 3 semanas.
Então, através de uma seringa, suga-se o ar expelido da boca do paciente, que é colocado em uma máquina para decompor esse ar em três principais gases voláteis: Sulfidreto (SH2), Metilmercaptana (CH3SH) e Dimetilsulfeto (CH3SCH3).
Essa análise dura apenas 8 minutos e, ao final, é apresentado um gráfico que mostra a quantidade de cada um desses gases. Cada gás mostra um indicativo de causa para o mau hálito: se ele é proveniente de má higiene, de problemas dentários ou de causas sistêmicas (como refluxo, doenças pulmonares ou do fígado, entre outras). Se a apresentação dos 3 gases for insignificante, o paciente não tem mau hálito.
TRATAMENTO PARA A HALITOSE
“Na maioria dos casos, não é só escovar os dentes, mascar chiclete ou usar enxaguante bucal e pronto”, diz Bruna. Claro, isso resolve quando a halitose é de origem fisiológica, ou seja, é causada por coisas pontuais como o acordar ou comer determinados alimentos.
Mas quando o problema são desordens locais (problemas na saliva, gengiva ou dentes ou feridas na boca) ou desordens sistêmicas (nos órgãos do corpo), é preciso identificar com alguns exames adicionais e fazer a abordagem com mudanças de estilo de vida (mudando a dieta, melhorando a higiene bucal, parando de fumar…) ou até mesmo tratando o órgão afetado (nesse caso, o dentista deve encaminhar o paciente para o médico responsável).
COMO EVITAR A HALITOSE
Determinados fatores favorecem o aparecimento do mau hálito, como respiração pela boca, tabagismo, falta de hidratação e constipação intestinal.
O indicado é procurar se policiar para inspirar sempre pelo nariz, não fumar, manter uma dieta adequada e rica em fibras e tomar bastante água. Além, claro, de manter uma boa higiene bucal, escovando os dentes após as refeições e passando fio dental ao menos uma vez ao dia.
Se você perceber a presença de sangue, sentir dor ou verificar retração da gengiva, procure um periodontista para tratar a inflamação antes que o mau hálito apareça.
“Não é simples, mas pode se mais fácil se você procurar ajuda efetiva, fazer o que é necessário pra você e se lembrar de voltar às manutenções com seu dentista, pois não é só tratar uma vez e pronto. Quando lidamos com saúde, precisamos do acompanhamento necessário de um profissional da área. Lembre-se que cuidar da sua saúde é um investimento para a vida toda”, finaliza Bruna.