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Como encarar as mudanças no corpo durante a gravidez?

O período de puerpério é considerado de grande fragilidade física e emocional para a mulher, com impactos significativos na sua autoestima

Por Marcela De Mingo
Atualizado em 8 dez 2022, 11h45 - Publicado em 8 dez 2022, 08h00
mudanças no corpo gravidez
 (Daniel Reche / Pexels/Divulgação)
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Não é nenhuma novidade que o corpo da mulher que engravida passa por muitas mudanças. Porém, nem sempre é simples lidar com essas alterações geradas pela gravidez: muitas mulheres deixam de se reconhecer no próprio corpo e sofrem com questões, às vezes graves, de autoestima e autoaceitação. Apesar de parte natural desse processo, lidar com as mudanças no corpo durante a gravidez é um verdadeiro desafio. 

QUAIS AS PRINCIPAIS MUDANÇAS NO CORPO DURANTE A GRAVIDEZ? 

Algumas, como o aumento de peso e o inchaço, são bastante óbvias. Mas o corpo realmente muda bastante ao longo dos nove meses de gestação. 

Segundo o Dr. Igor Padovesi, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, é possível separar essas mudanças em algumas categorias: 

  • Cardiovasculares: aumento da quantidade de sangue circulante, aumento da função do coração (débito cardíaco), aumento da frequência cardíaca e redução da pressão arterial.
  • Metabólicas: retenção de líquido, ganho de peso, aumento da glicose no sangue.
  • Urinárias: aumento da filtração pelos rins, aumento da produção de urina e da frequência urinária.
  • Genitais: inchaço e escurecimento da vulva, aumento da secreção vaginal.
  • Gastrintestinais: lentificação do esvaziamento do estômago e da motilidade intestinal.
  • Dermatológicas: escurecimento da pele e crescimento dos mamilos e aréolas, pigmentação da linha nigra (linha escura abaixo do umbigo), flacidez. 

“Essas mudanças são modificações que ocorrem para adaptar o corpo da mulher à gestação, e se devem aos hormônios que se mantêm elevados na gravidez, principalmente a progesterona”, explica. 

ESSAS MUDANÇAS SÃO PERMANENTES? 

A boa notícia, porém, é que muitas dessas mudanças não são permanentes – elas tendem a regredir ao final da gravidez. 

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“Tradicionalmente considera-se que ao final do período do puerpério (42 dias pós-parto) o organismo da mulher já voltou ao estado pré-gravidez. Porém, sabe-se que algumas alterações podem levar mais tempo, como as modificações da pele (flacidez e escurecimento)”, explica. 

QUAL O IMPACTO DESSAS MUDANÇAS? 

De acordo com a enfermeira obstetra Cinthia Calsinski, as mudanças que acontecem no corpo durante a gestação são comuns, mas também amplamente individuais – podem variar de mulher para mulher. Por isso, muitas vezes essas mudanças podem vir acompanhadas ou não de um período de adaptação. 

“Podemos lidar com essas mudanças entendendo que nosso corpo é uma máquina perfeita, capaz de gestar um bebê e que, para isso acontecer, é necessário trazer uma série de mudanças ao corpo físico e emocional. Cuidar de ambos é importante nessa fase”, explica. 

Para o Dr. Igor, o período pós-parto é o mais crítico para a autoestima feminina, já que o corpo fica bastante modificado após dar à luz – principalmente o abdome, que continua volumoso e com a pele bem flácida. 

“Isso acontece porque o útero ainda fica grande logo após o parto (na altura do umbigo) e a pele da barriga que esticou pela gravidez”, diz o médico. “Além das mamas que ficam muito modificadas pela amamentação (maior volume, e com as aréolas maiores e escuras).”

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Um ponto importante para que essas mudanças não causem um impacto tão grande é cuidar, principalmente, do ganho de peso ao longo do período gestacional. Quanto maior o ganho de peso, ele explica, maior a chance do corpo sofrer mais mudanças. “O excesso de peso na gestação é um grande fator de risco para ter estrias”, complementa. 

COMO RECUPERAR A AUTOESTIMA APÓS O PARTO? 

Aqui, o primeiro passo é compreender que cerca de 70 a 80% das mulheres grávidas vão passar pelo chamado “blues puerperal”, um período “nublado” de predomínio de sentimentos negativos, incluindo baixa autoestima e insatisfação com o corpo. 

“A fase do blues ocorre por questões hormonais e dura até 2 semanas do parto”, explica. “Além disso, o mais importante para recuperar a autoestima é a mulher contar com uma rede de apoio para que possa, o mais breve possível, ter alguns momentos para ela própria (para fazer algo que gosta: como se arrumar ou fazer alguma atividade física) – e não ficar só 100% consumida no papel de mãe e lactante.”

Cinthia assina embaixo na necessidade de uma rede de apoio nesse período, já que o puerpério, principalmente, é caracterizado como um estágio de muita fragilidade física e emocional para a mulher. Combinar a rede de apoio com momentos de autocuidado é vital para uma recuperação positiva e que, claro, não interfira na sua nova função como mãe tanto quanto nas demais áreas da sua vida. 

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