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Ela sofria bullying no trabalho por causa do seu peso. Dois anos depois e com 39 kg a menos, reencontrou a chefe

Juliana Oliveira, 35 anos, é daquelas mulheres fortes que não aceitam ser chamadas de coitadinhas. A pedagoga driblou o bullying da chefe sobre seu peso e hoje treina para competições de fisiculturismo

Por Daniela Bernardi
Atualizado em 28 out 2016, 09h19 - Publicado em 21 mar 2016, 14h49

Estávamos em uma loja de grife. Eu, com meus 98 quilos na época, e minha chefe, magérrima como sempre. Nós duas sabíamos que nenhum modelo caberia em mim. Mesmo assim, peguei  uma calça 36 e levei direto ao caixa. “Para quê? Ele não passa nem no seu tornozelo”, disse ela, com a voz de desprezo de quem sempre me chamou de “chupeta de baleia”.

Chegando em casa, pendurei a peça na porta do meu guarda-roupa para nunca me esquecer desse dia. Sou teimosa. Ninguém me fala o que eu posso ou não fazer. Dois anos mais tarde, entrava na audiência contra a minha chefe – a processei pelo assédio moral vivido durante quatro anos – vestindo aquela mesma calça jeans, que, por sinal, até precisou de ajustes.  Ela não foi a única a apontar o dedo para mim porque eu estava acima do peso. Meu namorado viajou para a Europa e me ligou para contar como as mulheres de lá eram lindas. “E você parece o boneco da Michelin.” Terminei o relacionamento de três anos, desliguei o telefone, tirei uma selfe – na época, não gostava de me ver nem no espelho –, olhei mais uma vez para a calça no armário e decidi que iria mudar. 

A minha vida nunca foi fácil. Passei por diversos desafos e venci a maioria deles. Quando mais jovem, sofri um acidente de moto e ouvi dos médicos que jamais andaria novamente sem muletas. Veja só: hoje tenho medalhas de corrida no currículo. Em 2008, descobri um câncer de colo do útero. Mas a doença não abateu nem meu corpo nem minha mente. Passei por ela sem fraquejar. 

Sabia que com a balança não seria diferente. Primeiro, precisei abandonar alguns hábitos que carregava desde a adolescência: sedentarismo, batatas fritas e hambúrgueres. Antes, tudo era motivo para um banquete. Se estava feliz, queria comer. Se fcava deprimida, um prato cheio me servia de consolo. Foi o que aconteceu após meu divórcio, há seis anos, quando engordei 40 quilos de uma única vez.

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Só que então estava decidida a virar o jogo. Passei a praticar 12 minutos de HIIT todos os dias. Procurava vídeos na internet e copiava os exercícios em casa mesmo. Tinha vergonha de ir à academia. Desse jeito, mandei embora 18 quilos em um ano. As coisas começaram a mudar. As vendedoras das lojas não me perguntavam mais se eu estava atrás de um presente (antes, nunca encontrava a minha numeração).

A alimentação também foi fundamental para eu conseguir entrar em forma. Aderi à dieta Dukan logo de cara. Dez meses sem abrir exceção para carboidratos. Chorava de vontade por tudo, mas aí focava no jeans. No meio do processo, apresentei alguns sintomas de início de AVC, como formigamento de metade do corpo e muita dor de cabeça. Já tinha passado  por isso em 2009. Mas, dessa vez, cheguei ao hospital rapidamente e, após três dias na UTI, estava liberada para voltar a malhar. Eu disse: minha história parece novela  mexicana.

Depois de tantos obstáculos, hoje treino para participar de uma competição nacional de fsiculturismo no segundo semestre. Para isso, treino musculação seis vezes por semana. São 40 minutos e muitaaa carga (60 quilos no supino!), principalmente para membros superiores, que é a categoria em que vou disputar. Estou tão focada que, durante a madrugada, levanto duas vezes para comer. Preciso seguir, religiosamente, as oito refeições diárias a cada três horas. Na porta do meu guarda-roupa, agora, está pregado o biquíni que usarei no campeonato. 

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3 dicas de Juliana para manter o foco 

1. NÃO DEIXE QUE A TRATEM COMO COITADA.
“Só você pode determinar o que vai alcançar na vida. Não se entregue ao que os outros dizem”, aconselha a pedagoga, que sempre encarou os desafios pessoais como metas a serem cumpridas. 

2. INSISTA, PERSISTA E NÃO DESISTA.
“Comemorar cada conquista – por menor que ela seja – dá mais força para seguir firme. Vale celebrar desde cada grama perdido até o pneuzinho que desapareceu.”

3. QUANDO CAIR, LEVANTE-SE.
“Se você escorregar, está tudo bem. Só não fique deitada, esperando algo acontecer. Lembre-se do seu desejo e vá em frente.” 

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