São comuns os casos de pessoas que seguem sentindo dores no local de lesões já recuperadas. Essa experiência levanta questões sobre a completa recuperação de uma lesão. Por que isso acontece? Será que nunca nos recuperamos totalmente? Responder a essas perguntas, segundo o fisioterapeuta e diretor clínico do Instituto RV, Caio Marengoni, é complexo, pois diversos fatores estão em jogo, incluindo a natureza da lesão, a idade do indivíduo, a extensão do dano e a eficácia do tratamento.
De acordo com o profissional, na maioria dos casos, é possível alcançar uma recuperação completa. Contudo, não há uma resposta única devido à variedade de lesões e à influência da gravidade sobre o resultado. “Em casos de torções, quando o ligamento é apenas esticado, a cura geralmente é rápida. No entanto, se a lesão for parcial, com o ligamento esticando e rasgando ligeiramente, é fundamental adotar medidas para evitar a piora, o que reduziria as chances de uma recuperação total”, ele aponta.
Portanto, embora a persistência da dor após a recuperação de uma lesão possa ser desconcertante, é importante entender que o processo de cura é multifacetado varia de acordo com cada situação. Com o tratamento adequado e a devida atenção aos cuidados, é possível alcançar uma recuperação completa na maioria dos casos.
Possíveis motivos para dores em lesões já recuperadas
Embora o corpo seja notavelmente cicatrizado de tecidos danificados, alguns casos apresentam quadros mais complicados. Aqui estão alguns motivos pelos quais a dor pode persistir, segundo o fisioterapeuta.
Inflamação residual: Mesmo após a cicatrização aparente, o corpo pode continuar a produzir substâncias inflamatórias na área afetada. Essa inflamação residual pode desencadear ou amplificar a percepção da dor, prolongando a sensação desconfortável.
Danos nos nervos: De acordo com Caio, as lesões mais graves podem resultar em danos nos nervos adjacentes à área afetada. Ou seja, mesmo que os tecidos se recuperem, os nervos podem continuar a enviar sinais de dor ao cérebro, criando uma sensação persistente de desconforto.
Alterações na sensibilidade nervosa: Após uma lesão, os nervos podem se tornar mais sensíveis, amplificando a percepção da dor. Esse fenômeno, conhecido como “sensibilização central”, pode fazer com que o corpo reaja exageradamente a estímulos que normalmente não seriam dolorosos.
Fatores psicossociais: A dor é uma experiência complexa que pode ser influenciada por fatores emocionais e psicossociais. O estresse, a ansiedade e a depressão, muitas vezes associados à lesão e ao processo de recuperação, podem intensificar a percepção da dor e dificultar a sua resolução.
Desalinhamento estrutural: Em alguns casos, a lesão pode resultar em desalinhamentos estruturais sutis que afetam a biomecânica do corpo. Esses desequilíbrios podem sobrecarregar certas áreas, causando dor crônica mesmo após a recuperação inicial.
Por fim, Marengoni ressalta que entender por que a dor persiste após uma lesão é o primeiro passo para encontrar alívio “Se o paciente está lidando com dor persistente após uma lesão, ele não deve hesitar em procurar orientação médica. Com o diagnóstico correto e um plano de tratamento personalizado, é possível encontrar alívio e recuperar a qualidade de vida por completo”, conclui o fisioterapeuta.