O DIU (Dispositivo Intra-Uterino) é um dispositivo em formato de “T” que é inserido na cavidade uterina com objetivo de prevenir gestação e, em alguns casos, tratar doenças. Ele é encontrado no mercado nas opções hormonal, cobre ou prata e os mais famosos são o Mirena e o de cobre mas, agora, surge uma nova alternativa no mercado que promete ser um “meio-termo” entre esses dois.
O DIU KYLEENA
Os DIUs Hormonais (como o Mirena® e Kyleena®) liberam um hormônio localmente no útero chamado Levonorgestrel (um progestagênio, hormônio sintético semelhante à progesterona produzida pelos ovários), que promove alteração do muco do colo uterino, do endométrio (camada interna do útero) e da movimentação das tubas uterinas, impedindo a fecundação (encontro entre óvulo e espermatozoide) e, consequentemente, a gestação.
O DIU Kyleena®, recentemente chegado no mercado brasileiro, possui menor diâmetro, conferindo menos desconforto à inserção, e metade da dose hormonal. “Isso significa que, mulheres com sensibilidade ao progestagênio Levonorgestrel, potencialmente podem apresentar menos efeitos colaterais com o Kyleena® do que com o Mirena®”, conta a ginecologista Juliana Girotti Sperandio. “Digo potencialmente porque cada mulher, cada corpo, reage de uma maneira a um tratamento. E isto deve ser avaliado sempre individualmente, em consulta e acompanhamento ginecológico”.
PARA QUEM É RECOMENDADO
Ele é recomendado para todas mulheres, independente de terem gestado ou não. Juliana explica que o fato de o Kyleena® ser menor, em diâmetro, pode impactar na percepção de dor da paciente durante a inserção, quando feita em em consultório com a paciente acordada, (pois existe também a opção de inserção com sedação em centro cirúrgico, quando desejado).
Suas vantagens são diversas:
- Ele é extremamente eficaz para prevenir gestação, com taxa de falha muito baixa ( 0,2% no primeiro ano).
- O hormônio liberado pelo Kyleena® age localmente na maior parte dos casos. “Isso significa que, quando comparado aos outros métodos de absorção sanguínea (por exemplo orais, transdérmicos, anel vaginal injetáveis), pode gerar menos efeitos colaterais e maior tolerabilidade ao uso”, explica a ginecologista.
- Por não possuir estrogênio, alguns grupos não elegíveis ao uso de outros métodos contraceptivos podem se beneficiar com seu uso, por exemplo: pacientes amamentando; com história de trombose; enxaqueca com áurea, dentre outros.
- Ele dura até 5 anos, sendo um método “fixo”, que você não precisa lembrar de tomar todo dia, como com a pílula, ou de usar quando for transar, como com a camisinha.
O método é eficaz apenas para prevenção da gravidez e não protege contra infecções sexualmente transmissíveis. Para evitar adquirir doenças durante o ato sexual, o único método comprovado é o uso da camisinha.
EFEITOS COLATERAIS
Eles podem aparecer principalmente na época de adaptação. Segundo Juliana, os mais comuns (que podem surgir em mais do que 1 em cada 10 mulheres) são:
• dor de cabeça;
• dor abdominal/pélvica;
• pele oleosa e queda de cabelo;
• alterações no sangramento incluindo aumento e diminuição no sangramento menstrual, gotejamento, oligomenorreia (menstruações pouco frequentes) e
amenorreia (ausência de sangramento);
• cistos ovariano benignos;
• vulvovaginites (inflamação do órgão genital externo ou vagina).
A ginecologista lembra que, ainda que estes sejam efeitos colaterais esperados, eles tendem a melhorar após a fase de adaptação. “Não necessariamente surgem em todas as mulheres e muitos destes efeitos podem ser tratados clinicamente se persistirem”.
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CONTRA-INDICAÇÃO
As contra-indicações de seu uso vão de casos de gravidez ou suspeita de gravidez, infecção pélvica ativa ou corrimento não tratado, sangramento uterino ou vaginal sem diagnóstico adequado, doenças hepáticas, malformação uterina até hipersensibilidade ou alergia ao levonorgestrel.
“Falar sobre contracepção é falar também sobre liberdade”
“Eu costumo dizer que não existe um melhor ou pior método, mas sim aquele melhor PARA VOCÊ. O mais importante é que a conversa e relação com sua ginecologista seja o mais aberta possível, para que entendam juntas se este é um método adequado e indicado para você e ponderem juntas se os efeitos colaterais possíveis podem ser tolerados. Falar sobre contracepção é falar também sobre liberdade! E, esta liberdade inicia no entendimento de todos dos métodos contraceptivos disponíveis pela mulher e ESCOLHA da própria mulher, com suporte da Ginecologista, do melhor método, para ela, dentro do seu contexto de saúde e de vida”, conclui Juliana Girotti Sperandio.