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Como manter as resoluções de final de ano

Entenda o porquê fazemos elas e como - de fato- tirá-las do papel

Por Amanda Ventorin
26 jan 2021, 09h00

Já faz quase um mês que juramos adotar novos hábitos visando nosso bem-estar, no réveillon. Janeiro chegou e, com ele, uma energia renovada que nos permite fazer mudanças nas nossas vidas… por certo tempo. As férias acabam, imprevistos acontecem, novas prioridades tomam conta e quando vemos já é dezembro novamente e as metas do ano passado não aconteceram. Afinal, como manter as resoluções de final de ano?

Por que fazemos resoluções de final de ano?

Culturalmente, a virada do ano representa o inicio de um novo ciclo, cheio de novas oportunidades. Ao final do ciclo anual de 365 dias, o que entendemos é que nós também fecharemos ciclos e abriremos novos.  Por mais que saibamos de forma consciente que o ano novo é só mais um dia depois do outro, que desde sempre é de 31 de dezembro para 01 de janeiro, que poderia ser em qualquer mês do ano, a sociedade como um todo tende a crer pela nossa contagem cíclica que no dia 01 de Janeiro, iniciaremos um Novo Ciclo e por isso tendemos a falsa ideia de que essa virada mudará nossas vidas, quando na verdade a mudança ocorre quando decidimos dar um basta no que nos gera desconforto e iniciamos nosso próprio ciclo, independente de quaisquer fatores externos.” explica a psicóloga Thaís Alvares Linhares Vieira.

O desafio dos novos hábitos

Estudos mostram que demora de 20 a 90 dias até se criar um novo hábito

Estudos mostram que demora de 20 a 90 dias até se criar um novo hábito e que, para sua construção, é preciso ter um objetivo específico e bem definido que traga alguma recompensa. Isso porque o cérebro humano é um órgão econômico e executivo que não gosta de gastar muita energia e por isso vai executar o que o seu corpo mandar. “Além de fazer isso, o cérebro sempre busca prazer, como um pote de sorvete em um dia quente ou após uma briga com o namorado. Ele também nos protege fugindo da dor, como quando automaticamente sem perceber sopramos o café para fugirmos da dor de queimarmos a língua ou o céu da boca” diz Thaís.

Entendendo que o cérebro executa o que se manda, mas buscando prazer e fugindo da dor, ele certamente evitará ao máximo que você mude um comportamento que vem reproduzindo ao longo da sua vida. Por isso. novos planos como começar a se exercitar mais, estudar um novo idioma ou se alimentar de maneira saudável podem ser difíceis e necessitam de uma recompensa para que não seja tão difícil. Mantenha em mente os benefícios que virão com o progresso e treine seus pensamentos como “Você consegue! Você pode! Você é boa no que faz! A endorfina no final faz super bem a sua saúde! Você já está ganhando mais saúde!” O cérebro vai entender que, ainda que a mudança seja desconfortável, haverá prazer e ganho no final. 

E não se esqueça que o tempo para uma pessoa adquirir um novo hábito pode variar. Isso vai depender de cada pessoa e do hábito a ser adquirido. “Ficar preso a prazos curtos e milagrosos para se adquirir um hábito pode ser motivador no início. Mas, cuidado, pois caso não consiga alcançar seu objetivo no prazo esperado, poderá se frustrar e desistir. Então, é importante lembrar que cada pessoa tem o seu tempo, e com persistência, disciplina e bastante esforço você conseguirá alcançar seus objetivos.’ completa o psicólogo Ricardo Milito.

Mantendo as resoluções

Quando definimos nossas metas para o ano novo, quase sempre visualizamos como será o resultado, mas não o processo em si com suas quedas e falhas. Não pensamos nas dores de se exercitar, nas horas que passamos tentando estudar a gramática de outro idioma ou nas horas na cozinha preparando uma refeição saudável (e nem da louça que fica), por isso é importante se apaixonar não apenas pelo resultado mas pelo desenvolvimento também.

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Projetos de longo termo podem ser mais difíceis de concluir, por isso, o psicólogo Ricardo Milito aconselha dividi-los em metas pequenas, o que ajuda a se organizar melhor.

Projetos de longo termo podem ser mais difíceis de concluir, por isso divida-os em metas pequenas

As metas de longo, médio e curto prazo nada mais são do tarefas específicas com datas de conclusão definidas para que possamos atingir nossos objetivos que são mais abrangentes e estratégicos. Os objetivos são descrições de onde queremos chegar, o que queremos alcançar com nosso propósito. “É de suma importância que sempre tenhamos nossos objetivos muito bem definidos, eles são nossos sonhos e nos impulsionam e motivam diariamente para que verdadeiramente possamos alcançar o gosto e a sensação do que entendemos e definimos como felicidade, o que é individual e subjetivo, ou seja, cada um de nós terá seus próprios objetivos e metas uma vez que: o que trará felicidade e alegria para um certamente não trará para outro. Assim, objetivos e metas precisam ser definidos com calma, clareza, tranquilidade e respeitados e adaptados através das necessidades de quem os criou com uma estratégia e se necessário com ajuda profissional.” comenta Thaís Alvares. 

Há um método de definição de metas chamado SMART que ambos profissionais indicam:

Por isso, não se esqueça de comemorar cada etapa, por menor que for, assim o organismo ficará carregado de neurotransmissores relacionados à sensação de prazer e recompensa (endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina), nos deixando mais motivados e dispostos a enfrentar obstáculos.

Diga para alguém de confiança sobre sua meta. Assim, quando você estiver desmotivado terá alguém que motive que te ajude a manter o percurso. Também, segundo a psicóloga Thaís Alvares, deixar fotos, imagens e lembretes (e a sua lista de resoluções) visíveis são ótimos meios para não se perder no processo!

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Lembre-se que nós somos mais fortes e conseguimos muito mais do que acreditamos. Acredite, você é bem mais capaz do que imagina.” incentiva Ricardo.

Como lidar com os “escorregões” 

É preciso entender que todo mundo tem um momento desses. É normal e não deve comprometer toda sua motivação ou progresso.

Hábitos são repetidas ações de determinados comportamentos, sejam eles funcionais ou disfuncionais. Os comportamentos, por sua vez, são ações isoladas que são sempre estimuladas pelos nossos sentimentos, necessidades e meio social, que podem ou não se repetir, e o responsável pela execução tanto dos comportamentos quanto a repetição que gera hábitos é o cérebro, um órgão econômico e executivo cuja função é a busca pelo prazer ou a fuga da dor.

Quando iniciamos a mudança para a ruptura e até o fim de um hábito que entendemos que é disfuncional e por isso decidimos parar – por exemplo, um fumante que entende que o hábito de fumar é disfuncional e prejudicial a sua saúde e da sua família – é natural, fisiológico e químico que o nosso organismo esteja acostumado com o hábito e por isso ele naturalmente irá buscar fugir da dor de romper esse hábito”, explica Thaís. “Assim, deve-se entender de forma consciente que a ‘quebra do hábito´ faz parte do processo e não define o resultado do objetivo final, e ter paciência e tolerância consigo mesmo. Afinal, se é um hábito, esse comportamento foi reproduzido minimamente durante 90 dias seguidos, ciclo para a mudança de um hábito e em seguida a manutenção e reforço de novos comportamentos que levem a hábitos funcionais, ele não mudará em um semana para ser mantido ao longo da vida, é um processo.

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