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Síndrome de Burnout: Entenda como o canabidiol pode ajudar

Farmacêutica e analista clínica esclarece como a cannabis medicinal atua no organismo e pode ser um tratamento eficaz para doenças

Por Juliany Rodrigues
19 set 2022, 16h00

A Síndrome de Burnout, também chamada de Síndrome de Esgotamento Profissional, é uma condição que vem acometendo os indivíduos no ambiente de trabalho.

A doença está relacionada com uma experiência subjetiva que desencadeia sentimentos e atitudes negativas no relacionamento entre o colaborador e seu trabalho. Diante disso, surge um desgaste físico e mental que resulta na insatisfação e na perda do comprometimento nas relações pessoais e profissional.

As consequências desse problema afetam negativamente tanto o indivíduo como a organização onde ele desempenha sua atividade, uma vez que pode gerar baixo rendimento ou produtividade, aumento das faltas e até mesmo o abandono do emprego.

No ano de 2019, uma pesquisa da International Stress Management Association (Isma-BR) estimou que 32% da população economicamente ativa apresentava sintomas da Síndrome de Burnout.

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Já na pandemia da Covid-19, outro levantamento apontou que 44% dos brasileiros que participarão do estudo relataram que a situação aumentou o sentimento de esgotamento profissional.

O aumento dos casos do problema fez com que os tratamentos não alopáticos, como a cannabis medicinal, se tornassem uma alternativa promissora para ajudar os pacientes.

De acordo com um estudo feito pelo Hospital das Clínicas da USP com profissionais da saúde da linha de frente da Covid, o canabidiol foi capaz de reduzir cerca de 60% dos sintomas da ansiedade, depressão e burnout.

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É importante ressaltar que a substância já está sendo considerada um medicamento eficaz e traz menos efeitos colaterais do que os medicamentos tradicionais.

Luzia Sampaio, farmacêutica, analista clínica e mestre e doutora em ciências biológicas, explica o que é o canabidiol e fala sobre os aspectos farmacológicos dos fitocanabinoides.

Canabidiol

“O Canabidiol (CBD) é uma molécula presente na planta Cannabis sativa. O CBD é classificado como um fitocanabinoide. Além do CBD, existem pelo menos 400 fitocanabinoides conhecidos pela ciência. Os fitocanabinoides são moléculas extraídas de uma matriz vegetal e constituem um grupo particular de substâncias, uma vez que são capazes de atuarem de modo muito específico com o nosso organismo, através da sua interação com o sistema endocanabinoide”, diz Luzia.

De acordo com ela, o CBD é de grande relevância para a medicina e pode funcionar para diferentes objetivos no nosso organismo. “Para a farmacologia e medicina, o CBD é uma molécula bem interessante, pois ele consegue regular diferentes funções de células e órgãos. Ele interage de modo bem específico com diferentes alvos no nosso organismo, desempenhando, por exemplo, efeito anti-inflamatório, anticonvulsivante, ansiolítico, analgésico e outros”.

O canabidiol como tratamento

Em relação ao uso da substância para o tratamento de doenças psiquiátricas, a farmacêutica alerta que ainda “não existem ensaios clínicos randomizados, duplo-cego, com uso de placebo e com grande número de participantes”.

Apesar disso, Luzia não deixa de mencionar que algumas evidências científicas relatam o efeito do CDB como um ansiolítico.

“Mas, de fato existem evidências científicas e estudos clínicos menores, que enfatizam principalmente o efeito ansiolítico do CBD. Na prática clínica, o uso dos produtos de cannabis é correlacionado ao efeito ansiolítico positivo, bem como na melhora do quadro de distúrbios do sono, transtorno do estresse pós-traumático, síndrome de Tourette, depressão entre outros”, afirma.

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A farmacêutica também enfatiza a importância da realização de estudos aprofundados para descobrir, de forma mais completa, o potencial da substância. “Mais trabalhos e ensaios clínicos robustos devem ser feitos para que possamos conhecer melhor o potencial do CBD e outros fitocanabinoides, tanto para o tratamento de doenças psiquiátricas como outros quadros”.

Efeitos colaterais

Ainda que o uso do canabidiol para o tratamento de doenças mostre ser promissor, Luzia destaca os efeitos colaterais. “Embora a segurança do CBD tenha sido demonstrada em diferentes ensaios clínicos e de modo geral seja bem positiva, sem o desenvolvimento de efeitos colaterais graves, o tratamento com CBD pode apresentar efeitos adversos, como por exemplo a sonolência, alterações gastrointestinais, alterações cutânea, além da possibilidade de interação com outros medicamentos”.

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Funcionamento no organismo

Além disso, ela informa como os fitocanabinoides agem no organismo e os benefícios. “O benefício farmacológico do CBD e dos fitocanabinoides é muito grande, uma vez que eles atuam sobre um sistema conservado e expresso por todas as células. Então, se uma doença pode ser correlacionada direta ou indiretamente com um desequilíbrio do sistema endocanabinoide, usar os fitocanabinoides seria uma terapia válida”, fala.

“Os fitocanabinoides podem aumentar a atividade do receptor canabinoide, podem ativar ou inibir a função de enzimas e com isso fazer o nosso corpo produzir mais ou menos endocanabinoides (que são os canabinoides endógenos produzidos no nosso corpo e que funcionam como moléculas sinalizadoras, na saúde ou na doença). Essa teoria tem sido amplamente investigada na ciência e de forma muito ativa desde os anos 1990”, descreve.

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