Arritmia cardíaca: saiba mais sobre a doença e entenda o tratamento
A condição atinge mais de 20 milhões de indivíduos no Brasil, resultando em mais de 320 mil mortes súbitas no ano
Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), a arritmia cardíaca acomete cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil. O problema provoca uma alteração no ritmo do coração, que, quando saudável, apresenta entre 50 a 100 batimentos por minuto.
“Os estímulos elétricos para que ocorram os batimentos são gerados numa região denominada nó sinusal, um marcapasso biológico localizado no átrio direito, e são transmitidos por células especializadas para todo o músculo cardíaco. Qualquer anormalidade nesse processo, representa uma arritmia“, explica a Fátima Dumas Cintra, presidente da SOBRAC.
TIPOS
De forma resumida, a arritmia pode se manifestar de diferentes maneiras, porém, as mais comuns são a bradicardia e a taquicardia. Enquanto a primeira ocorre quando a frequência cardíaca é inferior a 50 batimentos por minuto, a segunda acontece quando ela é superior a 100 batimentos por minuto.
Em alguns casos, o coração pode alternar ritmos mais rápidos e mais lentos sem a existência de alguma anormalidade, por exemplo, durante o sono, é normal ter um ritmo inferior a 50bpm. Já durante uma atividade física, pode haver uma elevação fisiológica da frequência. Além disso, podem ocorrer batimentos precoces chamados extra-sístoles que podem desencadear uma variação no ritmo cardíaco.
CAUSAS
Em alguns casos, a arritmia pode ser um indicativo de doenças no coração, entre elas, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, problemas nas válvulas cardíacas e hipertensão arterial. No entanto, não podemos esquecer que outros aspectos também podem contribuir para o seu desenvolvimento:
- Alteração nas concentrações de substâncias (sódio, potássio e cálcio);
- Uso excessivo de álcool, drogas ou energéticos;
- Condições emocionais, por exemplo, ansiedade e estresse;
Além disso, as arritmias podem ocorrer em um coração normal devido à influências genéticas, porém, nem sempre é possível definir uma causa precisa para o seu aparecimento.
SINTOMAS
Nem sempre a arritmia apresenta sintomas. Na verdade, muitas pessoas sofrem alterações no ritmo cardíaco durante o dia, como uma extra-sístole, e não percebem.
Apesar disso, Fátima destaca que os sintomas mais comuns são palpitações, sensação cardíaca tipo falha, desmaio, tontura, falta de ar, mal-estar e fadiga. “Em situações mais graves, pode haver confusão mental, pressão baixa e parada cardiorrespiratória”, acrescenta ela.
DIAGNÓSTICO
De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, o diagnóstico é desafiador. Isso porque muitas arritmias se dão de forma esporádica e fugaz, sendo difícil a sua documentação. Contudo, novos dispositivos capazes de realizar o eletrocardiograma pelo celular ou relógio facilitam o processo de detecção e de acompanhamento do problema.
Entre os principais exames utilizados para diagnosticar a arritmia estão: Holter de 24 horas, ecocardiograma, teste ergométrico e estudo eletrofisiológico.
TRATAMENTO
Para abordar quadros menos complexos, medicamentos antiarrítmicos podem ser prescritos, a fim de garantir o controle e a estabilização do ritmo cardíaco. Em alguns casos, a estimulação cardíaca artificial com uso de marcapasso pode ser recomendada, assim como o procedimento de ablação, que tem o objetivo de eliminar os focos de arritmia.
Já para circunstâncias mais graves, que potencialmente podem levar à parada cardíaca, um aparelho chamado cardioversor-desfibrilador pode ser indicado. Esse dispositivo monitora constantemente o ritmo cardíaco e, se necessário, faz a aplicação de choques elétricos para normalizar a situação.
Por fim, é válido salientar que a diminuição da recorrência das arritmias cardíacas depende da adoção de um estilo de vida saudável, com a prática regular de atividade física, dieta equilibrada, gerenciamento do estresse e boas noites de sono.