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Alisar o cabelo aumenta o risco de câncer no útero, aponta estudo

Pesquisa feita nos Estados Unidos alertou para o risco que os produtos químicos para alisar o cabelo têm no desenvolvimento do câncer

Por Ana Paula Ferreira
8 set 2023, 10h00
Entenda qual é a relação entre alisar o cabelo e a saúde do útero
 (Freepik/Divulgação)
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Alisar o cabelo com produtos químicos faz parte da rotina de beleza de muitas pessoas. Contudo, um estudo apontou que esse tipo de cosmético pode aumentar o risco de câncer no útero.

Conduzida pelos National Institutes of Health, dos Estados Unidos, e publicada no Journal of the National Cancer Institute em outubro de 2022 a pesquisa descobriu que “mulheres que usavam produtos químicos para alisamento de cabelo corriam maior risco de câncer uterino em comparação com mulheres que não relataram o uso destes produtos”, de acordo com um comunicado do National Institute of Environmental Health Sciences (NIEHS).

Saiba mais sobre o estudo a seguir!

 

O que diz o estudo sobre alisar o cabelo?

O estudo que investigou os efeitos negativos de alisar o cabelo procurou fatores de risco para câncer de mama e outras condições de saúde e incluiu 33.497 mulheres com idades entre 35 e 74 anos. Aquelas que relataram uso frequente dos produtos químicos – ou mais de quatro vezes no ano – tiveram duas vezes mais probabilidade de desenvolver câncer uterino do que as participantes que não usavam produtos químicos para deixar os fios lisos.

Essa taxa é preocupante, uma vez que ela se soma a um crescente conjunto de pesquisas que mostram que o uso de muitos produtos para os cabelos e outros para cuidados pessoais pode estar contribuindo para tendências crescentes de câncer e outros resultados adversos à saúde.

“O câncer uterino é relativamente raro”, disse Alexandra White, chefe do grupo de meio ambiente e epidemiologia do câncer do NIEHS e principal autora do estudo, em comunicado divulgado à imprensa.

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De acordo com o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, ele representa apenas cerca de 3% dos novos casos de câncer. Contudo, embora não seja a forma mais comum da doença em geral, é o câncer mais comumente encontrado no sistema reprodutor feminino. Além disso, os casos de cancro uterino – ou seja, tumor no útero – têm aumentado desde 2000, especialmente entre as mulheres negras, segundo um estudo de 2019.

 

 

Relação entre índice de câncer e mulheres negras

No estudo de 2022, quase 60% das participantes que relataram o uso de alisadores químicos no ano anterior se identificaram como mulheres negras. Embora os resultados não tenham mostrado qualquer diferença entre o uso de alisadores e a incidência de cancro uterino por raça, os efeitos negativos para a saúde podem ser maiores para as mulheres negras devido a uma maior prevalência de uso, observou o NIEHS.

“Como as mulheres negras usam produtos para alisar ou relaxar o cabelo com mais frequência e tendem a iniciar o uso em idades mais precoces do que outras raças e etnias, essas descobertas podem ser ainda mais relevantes para elas”, acrescentou Che-Jung Chang, autora do novo estudo e pesquisadora do ramo de epidemiologia do NIEHS, também no comunicado.

 

Mais descobertas relacionadas ao câncer

Não é de hoje que estudos apontam que os produtos químicos de alisar o cabelo podem aumentar o risco das mulheres de desenvolver cancros relacionados a hormônios, disse a NIEHS em comunicado.

Inclusive, a mesma equipe responsável pelo estudo feito em 2022 também concluiu em outra pesquisa, feita em 2019, que os cosméticos para deixar os fios lisos e a tintura de cabelo permanente podem aumentar o risco de tumores da mama e dos ovários.

Quando o último estudo começou, os participantes relataram em questionários o uso de produtos incluindo alisadores, tinturas de cabelo, relaxantes, permanentes, entre outros. Durante o estudo de quase 11 anos, 378 casos de câncer uterino foram diagnosticados.

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“Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca usaram alisadores de cabelo desenvolveriam câncer uterino aos 70 anos; mas para usuárias frequentes, esse risco sobe para 4,05%”, disse Alexandra White.

É importante ressaltar que tanto o uso de produtos quanto a incidência de câncer foram auto-relatados pelas participantes do estudo, o que pode deixar margem para erros. Contudo, ainda assim vale a pena prestar atenção às descobertas do estudo.

Além disso, os pesquisadores não rastrearam informações específicas sobre marcas ou ingredientes das mulheres no estudo. No entanto, observam que existem produtos químicos encontrados em alisantes químicos, incluindo bisfenol A (comumente referido como BPA), parabenos, formaldeído e metais, que podem estar a contribuir para o maior risco de cancro uterino encontrado.

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Sendo assim, o ideal é consultar um dermatologista antes de colocar qualquer produto em contato com a pele ou o couro cabeludo.

Além disso, com o movimento dos cabelos naturais cada vez mais forte e empoderado, atualmente há uma série de informações sobre cuidados com fios ondulados, cacheados e crespos, para estimular a transição capilar de mulheres que querem a suas versões naturais e abandonar de vez o alisamento.

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