Sucesso começou entre as celebs – aqui mesmo, na BF, muitas delas atribuíram ao detox o corpo sem sobra de gordurinhas. Logo virou febre: é difícil encontrar uma mulher preocupada em manter a forma e a saúde que nunca tenha experimentado uma das versões do método – só líquidos, sem alimentos fonte de glúten e lactose ou livre de qualquer produto industrializado. Mas o método divide a opinião dos profissionais da área de saúde e nutrição, já que faltam estudos que comprovem a eficácia desse tipo de cardápio. “É um modismo sem fundamento científico”, rebate o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia). Além disso, o organisno é sábio. “Ele tem a incrível capacidade de se desintoxicar por meio de suas vias naturais: fígado, rins, intestino e suor”, complementa o endocrinologista Filippo Pedrinola, de São Paulo. Esse é o significado da detoxificação, ou simplesmente detox: mecanismo natural de eliminar as toxinas (entre elas, os radicais livres) que o nosso corpo produz durante a digestão ou uma atividade aeróbica intensa. Aquelas que vão parar dentro dele por meio de agentes externos (água e ar poluídos e alimentos carregados de corantes e conservantes ou agrotóxicos) também são colocadas para fora. A polêmica toda paira em uma dúvida: com a vida moderna, estamos muito mais expostas a essas substâncias.
Será que conseguimos nos livrar de todas elas?
A preocupação do time a favor do detox é justamente com essa sobrecarga. Acredite: até o inocente cafezinho servido no copo de plástico e os cosméticos que a gente adora contaminam o nosso organismo. “A carga tóxica está ultrapassando a nossa capacidade de combate”, diz a nutricionista Andrezza Botelho, de São Paulo. Resultado: sobram resíduos acumulados no tecido adiposo (células de gordura) – aí vêm inflamação e, em seguida, ganho de peso, rugas precoces e até doenças mais sérias. Nesse ponto, os especialistas fazem coro: “Está comprovado que determinados padrões alimentares desencadeiam processos inflamatórios”, diz Durval Ribas. “Dor de cabeça, indisposição e alterações no intestino: esses são alguns dos sintomas que surgem a curto prazo”, diz a nutricionista Bianca Innocencio, do Rio de Janeiro
Menos toxinas
O cardápio detox poupa o corpo de mais substâncias nocivas: o objetivo é oferecer a ele a chance de se livrar das toxinas já estocadas. Inclua alimentos ricos em fitoquímicos bioativos (protegem o organismo dos radicais livres e de doenças degenerativas) e o método proporcionará outro benefício: “Ele acelera a faxina orgânica”, afirma Andrezza. A couve desponta como a queridinha dessa lista. “É uma verdura fonte de metilsufanilmetano – nutriente rico em enxofre, que potencializa o poder de detoxificação do fígado e estimula a secreção de enzimas digestivas”, diz a nutricionista. Os efeitos positivos não demoram a aparecer na cintura e na pele, especialmente em quem costumava comer errado. Quer um resultado ainda melhor? Procure um profissional que monte um menu só para você. “Com um diagnóstico, feito com exames para detectar metais pesados no organismo, é possível prescrever uma dieta personalizada, além de suplementos e chás específicos”, diz Andrezza. Mas nada impede que você mesma faça adaptações na sua alimentação. Veja à direita o que entra e o que sai no período de desintoxicação (o ideal é que ele dure no mínimo sete dias e, no máximo, 30). Depois dessa listinha, dá para perceber que mal o cardápio não faz! Mas, se você continua em dúvida se deve ou não aderir à ideia de facilitar a faxina do organismo (do jeito responsável, é claro), confira outros dois efeitos positivos: o intestino funciona melhor e o bom humor vai lá para cima. Mais ainda: “Fora o marketing em torno do método, o incentivo ao consumo de frutas e vegetais orgânicos e a redução de açúcar e farinha refinada são bem interessantes. Funciona como um empurrão para que as pessoas melhorem os hábitos alimentares”, conclui Filippo Pedrinola. Só por isso o detox já vale muito, concorda!?
Quando não é bom
O processo de desintoxicação não funciona só para emagrecer. “Indico também para quem usou medicamentos (antibiótico, corticoide, diurético) por muito tempo, voltou de uma viagem, seguiu uma dieta hiperproteica (a digestão da proteína é campeã em liberar toxinas) ou fez uma esbórnia alimentar”, diz Andrezza Botelho. Mas, se você está grávida, acabou de passar por uma cirurgia ou está seguindo algum tratamento médico, não é hora de experimentar o detox. Não é o seu caso? Então vá em frente e aproveite os benefícos dessa faxina.
Três dias só de suco: melhor não!
Até os profissionais que são a favor do detox desaprovam a versão apenas com líquidos. “Não adianta você comer todas as porcarias que quiser e, depois, passar um dia à base de suco”, diz Bianca Innocencio. O organismo precisa de mais tempo (no mínimo uma semana) para apagar da memória das células uma orgia gastronômica. É um sacrifício sem muito retorno, além do risco de enjoo, mal-estar e fraqueza. Também há perda de músculo, diminuição no ritmo do metabolismo e compulsão alimentar (sem você mastigar, o corpo deixa de enviar mensagens de saciedade ao cérebro). Mas não desista do seu suco verde. “As bebidas antioxidantes, feitas com frutas, raízes e folhas, sem açúcar e adoçante, são grandes aliadas dentro de uma dieta equilibrada”, explica Andrezza. E os chás e shakes detox industrializados? Nem todos entregam o que prometem e ainda podem contribuir com substâncias artificiais. Então, leia o rótulo. Se os itens desintoxicantes (couve, chá-verde e gengibre) forem misturados a corantes e adoçantes (aspartame, sucralose), o produto pode até funcionar como uma bebida hidratante de baixa caloria ou proteica (no caso dos shakes), mas o efeito detox vai por água abaixo.