Qual a sua desculpa?
Hey, folks! De tempos em tempos eu abro esse espaço para meus alunos e profissionais que fazem a diferença no mundo 3Dimensional poderem relatar um pouco da sua experiência e nos ajudar a entender a complexidade desse universo 3D por óticas diferentes. Além disso, é a possibilidade de dar voz. Hoje, trago uma amiga lá de Pernambuco. Uma fisioterapeuta Intensivista que expôs sua vida para salvar a vida dos outros durante a pandemia. Ninguém passa ileso por isso. Tudo que se passa em nossa vida é sempre uma oportunidade de aprendermos e não me canso de falar isso, mas trabalhar na UTI de um hospital público durante a pandemia, definitivamente tem elementos de sobra para uma transformação na forma como vemos e vivemos a vida.
Até para os mais desavisados ou menos atentos é impossível ficar indiferente. “Ah, mas eu conheço gente que passou a pandemia e continua sendo o mesmo escroto egoísta de sempre”. Sim, mas acho que não dentro de uma UTI, se expondo ao risco, com a missão verdadeira de salvar pessoas. São desses que estou falando. Porém, tem também quem viveu a COVID na pele. Na verdade, no corpo. Muitos sem muitas chances de sobrevivência. Mas que pelo fato de o mundo não ser regido pelas nossas estatísticas, estão aqui hoje para nos contar o que mudou neles. O que aprenderam. Existe um ditado alemão muito popular que diz que quem não sabe ouvir tem que sentir. Então quero ouvir de quem sentiu. E para isso convidei a querida Wenna Bernardo para escrever um pedacinho da minha coluna de hoje. Segue seu texto abaixo.
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Énítida a sensação de que o tempo corre cada vez mais veloz e de que nossas atribuições e responsabilidades acompanham esse ritmo nos exigindo habilidades tridimensionais de corpo, mente e espírito, somados a algo refinado pela constância chamada de disciplina!
É tão corriqueiro escutarmos a frase: ‘fulano tem muita sorte’!
Parafraseando Leandro Karnal, sorte é o nome que o medíocre usa para o esforço que ele não faz. A minha pergunta é: por que o que nos limita sempre tende a ser maior do que o que nos move? Ouso responder dizendo que dar desculpas demanda menos energia, enquanto mover-se por um objetivo requer abdicações, frustações, medo, quebra de paradigmas, lágrimas, suor e inúmeras tentativas falhas antes que se chegue de fato ao sonhado acerto.
Presenciei o caos da pandemia atuando na linha de frente como fisioterapeuta Intensivista e quantos rostos revestidos de pavor pude ver. Quanta incerteza se haveria um depois presenciei. Muitos deles já no limite das suas forças pedirem para falar com a família antes de serem submetidos à ventilação mecânica. Cravavam daí em diante uma batalha entre a vida e a morte duelando por dias, semanas afins e, nesse entrave toda uma equipe se prontificava a entregar o melhor de si para um desfecho favorável. Quando a vida vencia, uma nova batalha começava. Dar ao vencedor condições funcionais suficientes para seu maior troféu: sair da UTI e rever seus familiares.
O que chamava a atenção é que quando começavam a refletir sobre aquela experiência e o presente de um recomeço, a grande maioria falava, com olhos marejados, que amariam mais, se preocupariam menos com futilidades e que tirariam seus sonhos de entulhos esquecidos e os tornariam reais.
A vida nos convida a todo momento para sermos protagonistas, ou seja, utilizar atitudes como combustível da proatividade, que gera impulso, paixão e transformação nos nossos ideais. Todavia, nesse convite, a exigência é sair da zona de conforto, transitar no desconhecido de uma nova ideia, um projeto inusitado que ficou guardado por muito tempo e agora passa a fazer sentido. E a maior dificuldade é apenas uma: parar de procrastinar.
Nossa mente é incrivelmente mágica, nos permite criar qualquer coisa pela nossa imaginação, inclusive sermos mestres em inventar desculpas que de tão elaboradas, passamos a acreditar nelas, impossibilitando qualquer ação consciente de cessar as consequências de tal feito.
Dificuldades sempre existirão, cada pessoa é embutida de inúmeras experiências negativas no decorrer da vida. O que difere, na verdade, é como esse estímulo paralisa e amedronta alguns e dão resiliência e coragem a outros, transformando adversidade em aprendizado.
‘Quem é bom para dar desculpas não é bom em mais nada’ – Paulo Marçal.
Então, seja o seu maior incentivo. Aplauda a você mesmo porque há sacrifícios que só você conhece. Conheça e respeite seu processo sem compará-lo ao de ninguém. Valorize o caminho e não apenas a chegada. O que diferencia o valor da uva e do vinho, da azeitona e do azeite é apenas o refinamento da matéria prima. Utilize as leis físicas ao seu favor, e enfim faça o melhor ‘load’ com seus objetivos e tenha um fantástico ‘explode’ de sonhos concretizados.”
Wenna Bernardo
E agora, meu amigo e minha amiga, com muito carinho mesmo, será que um pouco das suas dúvidas, angústias e incertezas não estão sustentadas no fato de estar colocando valor nos lugares errados? Quer mais ensinamento que podemos ter do que com alguém que não quis aceitar a certeza de que não teria um amanhã? Será que esse texto não chegou à sua mão para que você aprenda com o caminhar, muitas vezes muito dolorido, de outra pessoa? Será que eu posso ouvir ou ler ao invés de sentir? Será… será…
Forte abraço,
Samorai