Pão é paixão nacional. Na chapa ou só frio com manteiga, recheado de mortadela ou queijo, é artigo quase fundamental na mesa do brasileiro. Mas muita gente tem medo do pão, porque acredita que ele é o grande vilão das dietas. Fonte de carboidrato, o pão geralmente é eliminado da rotina de quem quer emagrecer. Mas será que precisamos deixar esse item tão acessível e querido de lado?
O pão francês de padaria, mais comum no café da manhã, é um alimento minimamente processado composto de farinha de trigo, água, sal e fermento biológico. Ou seja: é um produto saudável e a limitação é maior para os portadores de doença celíaca, que não podem consumir alimentos que contém glúten.
Já o pão de forma que compramos no supermercado é um produto prático e de maior durabilidade, porém um ultraprocessado. Ou seja: ele pode existir na sua alimentação, desde que não seja a base dela e em quantidades razoáveis. Existem diversos tipos de pão de forma no mercado, todos muito parecidos entre eles. Geralmente quem se preocupa com a alimentação costuma comprar aqueles que no rótulo indicam “pão integral”: nesse caso, vale olhar a tabela de ingredientes e ver se a quantidade de fibra é realmente interessante (acima de 5g por porção eu considero um bom critério). O pão integral geralmente dá mais saciedade, e por isso é um queridinho das dietas.
O pão de fermentação natural tem feito muito sucesso. E esse sucesso é atribuído ao fato do fermento ser natural (comumente chamado de ‘isca’), mas na realidade o sabor dele é melhor pela qualidade dos ingredientes e do processo. Algumas pessoas até sentem uma facilidade maior na digestão do pão de fermentação natural quando comparado ao pão de forma de supermercado, o que seria explicado pela mesma razão: a qualidade produto/processo.
E os pães sem glúten são aqueles que, a priori, foram desenvolvidos para os indivíduos que não podem consumir glúten. Mas isso não os torna mais saudáveis! Em geral são produtos mais caros, e podem até ter um valor calórico superior aos pães tradicionais, uma vez que na perda do glúten – que dá elasticidade ao produto – há um aumento de, por exemplo, gordura. Os pães sem glúten podem também ter uma quantidade de fibra menor, o que os deixaria atrás no quesito vantagem nutricional.
E falando em valor calórico, o importante é lembrar que os pães, de maneira geral, tem valor calórico semelhante. O pão de fermentação não é mais light que o pão francês, e o mesmo acontece com o de forma. Mais uma vez, o segredo é a quantidade! Tirar o pão da dieta mas aumentar em outros alimentos, de nada tem valor.
Nossa cultura foi inundada por informações a respeito de alimentação que reduz a nossa crítica a respeito dessas obrigações dietéticas que tomamos para nossa vida. Mas se observarmos, outras culturas consomem pães não só no café da manhã, como em outras refeições do dia a dia – e apresentam bons índices de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e até a obesidade. França e Itália são dois exemplos que consomem pão de maneira quase obrigatória. O segredo deles? São povos muito ativos e tem grande parte da alimentação baseada em produtos in natura e minimamente processados.
Portanto, antes de cortar o pãozinho da sua dieta, consulte um bom profissional de nutrição. E preste atenção em como está o consumo como um todo: assim você consegue equilibrar o que gosta tanto no meio de escolhas que, invariavelmente, deverão ser feitas.