Espiritualidade prática, com Debora Pivotto
Sabe quando você está prestes a fazer algo muito importante e vem aquele aperto no peito ou qualquer outro tipo de sensação esquisita que parece ser um sinal para fazer você desistir daquela ideia? E ai você para e pensa: isso que estou sentindo é medo ou intuição? Como faz para saber a diferença?
Queria compartilhar aqui com vocês alguns critérios (bem pessoais e subjetivos, claro) que me ajudam muito na hora de diferenciar esses dois sentimentos. A primeira coisa que presto atenção quando recebo um desses sinais é perceber como ele se manifesta no corpo. Eu sinto minha intuição mais na região do peito, do coração. Já o medo geralmente me pega mais no estômago.
A natureza das sensações também é diferente. A intuição tende a ser algo mais sutil, mesmo quando ela vem em forma de um aperto no peito, é algo que dá e passa. Já o medo vem com uma forma mais agressiva, persistente, chega a dar um nó no estômago. O medo pesa no corpo da gente. A intuição não.
Outro ponto que pode ajudar é compreender de onde vem a sensação que estamos sentindo, porque medo e intuição têm origens bem diferentes. A intuição é a voz da nossa alma, vem de um lugar de muita sabedoria interna, um lugar profundo dentro de nós. Já o medo é criação da nossa mente. São forças distintas que se comunicam com a gente de formas diferentes.
A intuição vem como um sopro, um farol de inspiração que passa e vai jogando luz pra nossa consciência. Ela às vezes traz informações que você nem sabe de onde veio, mas que você sabe que é verdade e que te afeta. Já o medo, além de uma sensação ruim, vem sempre acompanhado de uma enxurrada de pensamentos (sempre negativos). Porque o medo é absolutamente pessimista.
Aliás, esse é pra mim um dos principais truques para saber se é medo ou intuição. A intuição nos traz uma mensagem mas ela não dá explicações, entende? Já o medo é uma voz que vai sempre tentar se justificar e tentar nos convencer de que ele está certo.
Quando eu estou com medo de fazer algo, minha mente cria roteiros completos na minha cabeça com os motivos pelos quais eu devo desistir da ideia. Eu visualizo cenas de verdadeiras tragédias acontecendo quando estou tomada pelo medo…mas tudo sempre no campo mental e totalmente desconectado da realidade que se apresenta de fato.
O medo nos tensiona, nos cansa. Aliás, este é um outro ponto muito importante. O medo nos tira força de ação, é o maior ladrão da nossa energia vital. A gente perde o tesão de fazer as coisas quando está com medo. Já a intuição é mais sutil, mais amorosa. Ela nos traz avisos, mas respeita o nosso livre arbítrio; nos indica caminhos, mas nos deixa com energia para decidir o que queremos fazer sem nos enfraquecer.
Para quem é mais sensível e consegue captar a vibração dos sentimentos, vale dizer que a intuição é afirmativa, é sempre um
sim. Mesmo quando ela te fala ‘não faça isso’ ou ‘não é por aí’, ela é um SIM. Ela trabalha a favor dos seus desejos mais profundos e
verdadeiros. O medo é um grande NÃO.
E, pra fechar, uma última – e mais importante – dica: se estiver na dúvida se é medo ou intuição, busque o silêncio! Quando silenciamos, respiramos e acalmamos a nossa mente, a voz da intuição tende a ficar mais perceptível e a do medo tende a diminuir. Ou se não diminuir, pelo menos você vai ter a chance de ouvir aquele monte de pensamentos pessimistas e entender que aquilo é pura loucura gerada pelo seu medo.
