Sim. A epilepsia é a condição neurológica grave mais comum, com prevalência estimada em 3 a 16 por 1000 habitantes, maior em países em desenvolvimento, sendo a segunda maior causa de desabilidade em países desenvolvidos.
No Brasil, a prevalência varia de 8,2 a 16,5 por 1000 habitantes em diferentes estudos. O impacto da epilepsia é ainda maior se considerarmos que essa condição afeta pacientes de todas as idades, raça e condição socioeconômica.
A epilepsia do lobo temporal (ELT) é a forma mais comum de epilepsia focal sintomática no adulto, sendo caracterizada pela ocorrência de crises parciais simples ou auras, crises parciais complexas e crises secundariamente generalizadas. Antecedente de crise febril e história familiar de crises são frequentes.
O início geralmente acontece na infância ou no início da idade adulta. O EEG pode apresentar-se sem anormalidades, mas frequentemente mostra surtos de ondas lentas e/ou paroxismos epileptiformes no lobo temporal, uni ou bilateralmente.
Mesmo em países desenvolvidos, onde os medicamentos anti-convulsivantes são totalmente disponíveis, cerca de 30 a 40% dos pacientes continuam a ter crises não controladas adequadamente por essas drogas anti-epilépticas.
Apesar da evolução da cirurgia de epilepsia, cerca de 25 a 30% dos pacientes ainda são refratários à terapia medicamentosa sem avaliação e tratamento adequado.
Entretanto, os novos métodos de neuroimagem trouxeram avanços significativos ao resultado da cirurgia da epilepsia, por promover melhor visualização das lesões epileptogênicas, como a esclerose mesial temporal, tumores, malformações vasculares, glioses e displasias corticais, e uma melhor definição, com imagens de RM em 3 tesla, RM funcional, SPECT, SISCOM.
Com isso, a necessidade de investigação invasiva pré-operatória com eletrodos intracranianos diminuiu consideravelmente, tornando a indicação cirúrgica mais simples e segura.
A esclerose mesial temporal é patologia que está associada frequentemente a alto índice de refratariedade à terapia medicamentosa, mas o tratamento cirúrgico possibilita excelente controle das crises epilépticas, e quando comparado ao tratamento medicamentoso mostrando-se superior.
Portanto, qualquer pessoa com epilepsia que não tenha controle adequado de suas crises, mesmo com o uso regular de medicamentos antiepilépticos, pode procurar ajuda e se tornar um bom candidato ao tratamento.
Dr. Murilo Martinez Marinho, neurocirurgião funcional especialista em Parkinson, tremor essencial, distonia, epilepsia, tumor cerebral e coluna. Instagram: @dr.murilomarinho