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A função sexual é mediada por diversos neuromoduladores, como a serotonina, a dopamina, o óxido nítrico e a ocitocina, e os antidepressivos interferem na dinâmica dessas substâncias, podendo causar a diminuição da libido. No entanto, o mecanismo exato desse efeito adverso ainda não é totalmente conhecido.
Embora seja um efeito colateral frequente, não é motivo para não iniciar ou abandonar o tratamento. Existem medicações que têm uma menor probabilidade de causarem esse efeito e ele tende a diminuir com o tempo de uso, uma vez que o organismo vai se adaptando à medicação.
Além disso, existem estratégias que o médico pode adotar para minimizar esse efeito indesejado caso ele persista ou surja no decorrer do tratamento, como a diminuição da dose do antidepressivo, a troca por outra droga e a associação de outros medicamentos.
Por outro lado, a diminuição da libido também pode ser um sintoma de depressão e, neste caso, melhora com o uso de antidepressivo. Por isso, é importante que o médico colha adequadamente a história sexual do paciente para não atribuir à medicação questões sexuais pregressas.
O uso incorreto das medicações e o abandono precoce do tratamento costumam levar à uma resposta terapêutica inadequada, podendo causar a persistência dos sintomas ao longo do tempo (cronificação), e a uma menor resposta a tratamentos futuros, o que pode fazer com que os prejuízos na funcionalidade e na qualidade de vida causados pela depressão se mantenham a longo prazo.
Como lidar com a perda da libido?
Além das medidas descritas acima que podem ser adotadas pelo médico, estudos comprovam que a atividade física pode ter efeito benéfico sobre a diminuição da libido induzida por antidepressivos, e a psicoterapia pode ajudar a lidar com os impactos negativos desses sintomas na autoestima e na autoimagem, bem como com as crenças negativas sobre a atividade sexual.
Todos os antidepressivos causam perda de libido?
A maioria dos antidepressivos pode causar a diminuição da libido. Isso ocorre porque a depressão está associada a uma disfunção na neurotransmissão, principalmente aquela mediada por serotonina, dopamina e noradrenalina, e os medicamentos que atuam nessa disfunção acabam por interferir na dinâmica dos neuromoduladores e neurotransmissores relacionados à atividade sexual, causando a perda da libido.
Dr. André Crepaldi, psiquiatra e professor do curso de medicina da Universidade Cidade de S. Paulo (UNICID)
