A nossa pele é capaz de responder à maioria das alterações do organismo, inclusive aos problemas relacionados a nossa saúde mental, como o estresse.
De acordo com a Dra. Cintia Guedes, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o excesso de cortisol na corrente sanguínea libera substâncias inflamatórias que são capazes de danificar a pele e os cabelos.
“Isso também causa queda na imunidade e torna o corpo mais vulnerável a infecções e outros problemas”, acrescenta ela.
Confira os sete principais prejuízos que a tensão e a ansiedade podem trazer para a beleza:
1
Queda de cabelo e problemas no couro cabeludo
A queda capilar pode ser causada por diversos motivos, por exemplo, falta de vitaminas e nutrientes, alterações hormonais e até mesmo pela Covid-19.
Além disso, a perda dos fios também pode se dar por conta de problemas emocionais, em particular o estresse.
“O organismo, ao passar por uma situação de estresse por um determinado período, acaba por liberar cortisol em conjunto com outros hormônios, pois essa é a forma como o corpo busca de se proteger daquilo que lhe causa incômodo. No entanto, a constante liberação de hormônios afeta o organismo, que não consegue mais controlar o nível de substâncias químicas no sangue. Dessa forma, os hormônios alteram os folículos capilares e estes entram na fase telógena, que corresponde à fase da queda do fio”, explica a médica.
Entretanto, ela declara que não necessariamente acontece a perda de cabelo de um dia para o outro. De acordo com a especialista, no caso do eflúvio telógeno, condição que altera a saúde do couro cabeludo e o ciclo natural dos fios, a queda de cabelo excessiva pode ocorrer em até três meses após um evento estressante.
“Em condições normais, 85% dos cabelos estão na fase anágena, quando os fios crescem. Mas, com eflúvio telógeno, há uma indução para que mais fios passem para a fase de repouso (telógena), quando os fios caem”, completa.
Para reverter essa situação e acelerar o processo de crescimento dos fios, o gerenciamento do estresse e a ajuda médica são fundamentais. Nos cabelos, a tensão excessiva pode trazer outra consequência: o surgimento de fios brancos.
2Acne
Os cravos e as espinhas costumam fazer parte da vida de vários adolescentes. Já na fase adulta, podem surgir como resultado do excesso de tensão, que contribui para o estímulo de hormônios androgênios, acionando as glândulas sebáceas, que liberam óleos na pele, segundo a médica.
“Além disso, esse excesso de queratina na pele alimenta as bactérias e, como o estresse diminui a nossa imunidade (e as bactérias do bem que habitam a pele), acaba ocorrendo uma proliferação maior das bactérias relacionadas com a acne”, afirma.
Ela alerta que uma das recomendações mais importantes é não cutucar os cravos e as espinhas, pois os microrganismos presentes nas unhas podem resultar em um processo inflamatório na acne, piorando a situação e aumentando o risco de formação de cicatrizes.
Para definir o tratamento adequado para o quadro, o médico deve investigar a parte hormonal, os hábitos de vida, a alimentação e as situações de estresse de cada paciente. “Um bom tratamento só terá resultado efetivo se houver combate à causa do problema”, conta.
3Alergias
Condições como urticária, psoríase, dermatite seborreica e herpes podem ser desencadeados pelo estrese emocional.
“A urticária nervosa pode trazer sintomas como coceira intensa em todo o corpo. Estes sintomas acontecem em pessoas que já possuem predisposição para essa doença, e o estresse emocional acaba por exacerbar a situação”, pontua a Dra. Cintia
Considerada uma doença de base genética, a psoríase também pode ser agravada pela tensão. “Ela se manifesta por lesões na pele através de placas vermelhas que descamam. A doença pode atingir o couro cabeludo, joelhos e cotovelos. Na maioria das vezes causa muita coceira, que podem ser tão intensas a ponto de sangrar”, fala.
Segundo a médica, a dermatite seborreica apresenta lesões descamativas que podem acometer o couro cabeludo e o rosto, especialmente na zona T (testa, nariz e queixo). Essas lesões surgem na forma de vermelhidão com ou sem coceira.
Já a herpes é uma infecção causada por um vírus presente em cerca de 90% da população, que é ativado apenas em algumas pessoas, principalmente em momentos de tensão excessiva.
4Pele mais frágil
Nos casos mais alarmantes de estresse, a pele pode se tornar mais fina e frágil. Isso acontece em razão do fato de que o cortisol causa a quebra das proteínas dérmicas, fazendo com que a pele fique mais vulnerável.
No entanto, a dermatologista informa que esse sintoma está mais visivelmente associado à síndrome de Cushing, condição provocada pela alta concentração do hormônio cortisol no organismo.
Prejuízos na cicatrização
Como o estresse e a ansiedade provocam mudanças no nível de cortisol, esses dois quadros podem deixar o processo de cicatrização de ferimentos mais difícil.
“Os tratamentos estéticos também podem ser prejudicados, pois a pele pode ter uma dificuldade de se regenerar”, esclarece dermatologista.
6Olheiras
A fadiga durante o dia, o sono e o cansaço são resultados de uma noite mal dormida, fator que também pode acentuar as olheiras de maneira significativa.
Caracterizado pela formação de bolsas ou manchas escuras abaixo dos olhos, esse problema pode ter origem genética, assim como pode ser causado por motivos extrínsecos, por exemplo, pelo estresse.
“O estresse e a ansiedade provocam a produção de cortisol, hormônio que compromete o sistema imunológico e inflama as células, além de prejudicar a produção de colágeno e diminuir a hidratação. Também é muito comum que pessoas com tais problemas emocionais sofram de insônia, que, como sabemos, também tem relação com a piora das olheiras”, complementa.
Linhas finas e rugas
A médica afirma que o estresse e a ansiedade prejudicam as células da pele e seu processo de renovação, pois encurtam os telômeros (capas protetoras dos cromossomos que são responsáveis pela preservação do DNA). Como consequência disso, pode ocorrer a aceleração do envelhecimento.
Assim como o estresse, hábitos como o tabagismo, o baixo consumo de água, uma alimentação rica em açúcares e gorduras e a exposição à poluição também propiciam os sinais, de acordo com a Dra. Cintia Guedes.