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Guia das pílulas de beleza

Confira como os nutricosméticos funcionam e quem pode tomá-los.

Por Marcia Kedouk (colaboradora)
Atualizado em 9 Maio 2023, 19h59 - Publicado em 26 jul 2014, 22h00

Já ouviu dizer que beleza vem de dentro? Não só da forma como você alimenta a alma mas também de como nutre o corpo. E essa máxima nunca esteve tão apoiada em evidências científicas, principalmente depois da descoberta feita pelo químico americano Peter Agre de como funciona a irrigação dos tecidos do organismo. Ele demonstrou que esse mecanismo é formado por microcanais de proteínas, responsáveis por levar água e nutrientes para as células. Com o passar dos anos, esses canais, que o cientista batizou de aquaporinas, vão ficando frágeis e o sistema deixa de funcionar perfeitamente. A pele é uma das primeiras a acusar o golpe, abrindo espaço para o ressecamento e as rugas.

Peter Agre levou o Prêmio Nobel de Química em 2003 por decodificar como os tecidos envelhecem. E a indústria dos cosméticos ganhou pistas valiosas para entender como prolongar a juventude. Dali para surgirem as primeiras pílulas da beleza, à base de colágeno, com a promessa de devolver firmeza à pele, foi um pulo. Hoje, com indícios de que ingredientes encontrados nos alimentos podem ajudar não só a tornar a pele mais radiante mas também dar uma força para deixar o cabelo sedoso, as unhas fortes e a silhueta enxuta, os grandes laboratórios estão investindo nesse namoro do cosmético com o alimento e criando comprimidos com princípios ativos naturais. O casal tem nome – nutricosmético – e pretende tratar de celulite, rugas e flacidez até retenção de líquidos e caspa. Nosso guia vai ajudar você a fazer as melhores escolhas nas prateleiras cada vez mais cheias de opções.
1. Nutricosméticos são polivitamínicos?
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Não, são compostos alimentares formulados para produzir um efeito estético. “Eles contêm de 25% a 100% da dose diária recomendada de vitaminas e minerais, enquanto os polivitamínicos podem fornecer dosagens superiores aos limites máximos de suplementação”, explica Cecília Rios, nutricionista do Centro Terapêutico Dr. Máximo Ravenna, em São Paulo. O termo nutricosmético é só um nome comercial, já que a Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os classifica como alimentos funcionais – e não cosméticos.
2. Como eles agem no organismo?
Depende do princípio ativo. Mas, de uma forma geral, vão ajudar o organismo a funcionar melhor. “Quando você ingere colágeno, está suprindo o corpo com aminoácidos que vão formar essa proteína. Alguns minerais, como o manganês e o zinco, também participam do processo”, diz a farmacêutica Rosane Surian, professora de nutracêuticos e nutricosméticos do Instituto Ibeco, em São Paulo. Licopeno, vitamina C e E, polifenóis têm ação antioxidante – ou seja, combatem a ação danosa dos radicais livres causados por stress, excesso de sol e cigarro. “Também existem os probióticos. Com microrganismos que chegam íntegros ao intestino, estimulam o sistema imunológico e impedem que fungos e bactérias se proliferem”, completa a farmacêutica Mariana Guimarães, gerente de comunicação científica da marca Innéov.
3. Qualquer pessoa pode tomar?
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Não. Na gravidez, por exemplo, a administração de suplementos com vitamina A pode ser tóxica e causar má formação fetal. Por isso, mesmo que você não esteja grávida, vale a pena consultar o médico, dermatologista ou nutricionista antes de começar o tratamento.
4. Dá para usar mais de um tipo de cápsula por vez?
Sim, você pode combinar um produto para diminuir a caspa com outro para melhorar a firmeza da pele, por exemplo – isso se houver real necessidade! “Mas somente o especialista poderá calcular as dosagens e as interações entre dois ou mais comprimidos”, explica o farmacêutico bioquímico Emiro Khury, diretor técnico da Associação Brasileira de Cosmetologia. “Os rins eliminam o excesso da maioria dos nutrientes”, diz o médico nutrólogo Edson Credídio, doutor em ciência dos alimentos, professor e pesquisador de bioativos da Unicamp, em São Paulo. “Mas pode haver um acúmulo de alguns nutrientes e sobrecarregar fígado, rins e até coração”, alerta Valéria Robles, professora de cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
5. São seguros?
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Sim, se forem registrados na Anvisa. “Efeitos colaterais acontecem em casos de dosagens extremas, o que não é comum entre os produtos encontrados no mercado”, afirma a farmacêutica Karina Ruiz, diretora técnica da Provisit Consulfarma, empresa que presta assessoria científica a farmácias de manipulação
6. Uma alimentação saudável dispensa o uso das cápsulas?
Em alguns casos sim, porque os princípios ativos são extraídos dos alimentos. “Com a vantagem de que os encontrados na natureza são melhor aproveitados pelo organismo, porque existe uma sinergia entre os nutrientes que facilita a absorção deles”, fala Credídio. Mas Flávia Addor, coordenadora do departamento de cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, alerta que mesmo as pessoas que se alimentam bem podem ter carência de nutrientes. “Alguns quadros levam à dificuldade de absorção ou aumentam a demanda de ingestão”, diz. “O stress acelera o processo oxidativo das células. Quem faz dieta para perder peso muitas vezes nota enfraquecimento das unhas e queda de cabelo, o que indica alteração no quadro nutritivo. Daí, recomendo o uso dos nutricosméticos”, conta.
7. As pílulas para emagrecer realmente funcionam?
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Se o uso não vier acompanhado de uma alimentação equilibrada e exercícios, não, porque eles são coadjuvantes. “Além dos óleos que retardam o esvaziamento gástrico, aumentando a sensação de saciedade, essas pílulas contêm cafeína, termogênico que contribui para aumentar o gasto calórico”, diz a nutricionista Cecília Rios. “Os óleos também diminuem a absorção da gordura”, completa Khury.
8. E as que combatem a celulite?
“A proposta desse tipo de nutricosmético é estimular a quebra das células de gordura”, diz Flávia Addor. Alguns também agem na retenção de líquidos, outro fator importante na formação da celulite. Mas sozinhos, sem um estilo de vida saudável, não fazem verão e o efeito morre na praia.
9. Qual o melhor jeito de usar as cápsulas pró-bronzeamento?
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“Começando a tomar no mínimo três semanas antes da exposição ao sol, para preparar a pele”, explica Mariana Guimarães. Geralmente, esse tipo de produto é rico em betacaroteno, nutriente que pigmenta o corpo e o rosto, e antioxidante, como o licopeno, a vitamina C e a E, que ajudam a diminuir o envelhecimento causado pelo sol. Emiro Khury alerta, porém, que essas pílulas não protegem contra os raios ultravioleta e, por isso, é um perigo dispensar o uso de filtros solares. “O eritema, aquela vermelhidão que aparece com a exposição ao sol, é na verdade uma reação inflamatória: são microvazamentos de sangue na tentativa de minimizar os danos da queimadura. O betacaroteno deixa a pele com aspecto mais dourado e libera vitamina A, que apenas reduz a resposta do corpo à inflamação. Ou seja, o sinal de alerta é mascarado, mas os raios continuam agredindo e deixando o caminho aberto para o envelhecimento precoce e até para o câncer”, diz. Por isso, lembre-se de se proteger!
10. Em quanto tempo tem efeito?
Cada nutricosmético tem um período ideal. As cápsulas de bronzeamento, por exemplo, podem ser usadas durante as férias. Mas, em geral, os médicos recomendam de 60 a 90 dias de uso. Antes de três meses, não dá para avaliar o resultado.
11. Se deixar de tomar, perco o resultado?
“O benefício que foi conquistado se mantém desde que o organismo não apresente carência dos nutrientes. O ideal é intercalar: usar durante três meses, descansar três, voltar a tomar por mais três”, afirma Alessandra Luglio, nutricionista consultora da Hero Nutritionals, marca de produtos de suplementação alimentar. Dessa forma, você aproveita os benefícios das cápsulas da beleza sem correr qualquer tipo de risco.
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