Todo mundo já sabe que o estresse tem uma série de efeitos no corpo, além dos sintomas mentais, como falta de foco e alterações no humor. Porém, você sabia que o estresse também interfere – e muito – na saúde da sua pele?
A acne de estresse é um exemplo disso. No geral, as respostas da pele ao estresse são complexas e envolvem uma ampla rede de células imunológicas, hormônios e neurotransmissores que interagem entre si.
“A pele e o sistema nervoso são derivados da mesma camada germinativa primária durante o desenvolvimento embrionário, e as células da pele expressam proteínas que também são comuns às vias de sinalização neuronal”, explica a dermatologista Dra. Lilian Odo. “Portanto, não é surpreendente que as atividades do sistema nervoso central também possam modular a função celular na pele.”
Na prática, todo fator estressante é percebido pelo sistema nervoso e traduzido em respostas via estimulação do nosso hipotálamo e ativação da nossa hipófise, que, por sua vez, ativa o sistema nervoso autônomo, resultando na liberação de neuropeptídeos e hormônios que atuam nos sistemas efetores periféricos do corpo, como a pele. Ufa! Parece difícil, mas assim ficou fácil de entender, né?
COMO O ESTRESSE AFETA A PELE?
“O efeito do estresse psicológico no sistema nervoso autônomo, sistema renina-angiotensina (RAS) e sistema hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) está bem estabelecido”, continua a médica. “Esses sistemas, quando ativados por longo período, causam imunossupressão, inflamação, estresse oxidativo e danos ao DNA, que são mecanismos conhecidos de envelhecimento e desenvolvimento de doenças em todos os tecidos, inclusive a pele.”
Ou seja, o aceleramento do envelhecimento é uma das decorrências do estresse na nossa pele. Não só isso, mas ele pode provocar o surgimento ou a piora de algumas condições inflamatórias, como:
- Psoríase
- Acne
- Dermatite atópica
- Urticária crônica
- Alopecia
“Os sinais e sintomas irão depender da predisposição individual para cada patologia e variam desde dor, ardor, coceira, avermelhamento, ressecamento, afinamento e manchas escuras na pele, além de feridas que não cicatrizam, surgimento de espinhas ou tumorações e queda capilar”, explica.
COMO TRATAR OS EFEITOS NA PELE CAUSADOS PELO ESTRESSE?
Assim como os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, o mesmo vale para os tratamentos. Eles devem ser individuais e dependem, principalmente, da correta avaliação de um médico.
“Os tratamentos dependem das lesões e alterações apresentadas; cada patologia tem uma abordagem específica, mas variam desde medicamentos anti-inflamatórios, anti-histamínicos, antibióticos, imunomoduladores, retinóides e até psicotrópicos, como ansiolíticos e antidepressivos”, enumera.
Terapias complementares nutricionais ou uso de tecnologias ou procedimentos cirúrgicos também podem ser necessários nesses casos.
Independente da possibilidade de tratamento, a melhor solução contra condições como essas ainda é a prevenção. Isso porque o estresse psicológico pode modular as defesas do organismo, dependendo de fatores como a duração da condição estressante, bem como a reação ou percepção do indivíduo sobre a situação.
“Há uma distinção importante entre estresse agudo e crônico em termos de como o corpo mantém seu equilíbrio. O estresse agudo mobiliza células imunes, promove sua migração para tecidos danificados e aumenta a imunidade adaptativa celular e humoral, enquanto o estresse crônico é considerado prejudicial, pois há uma diminuição da capacidade do corpo de combater doenças, manter a homeostase e prevenir o envelhecimento”, continua a dermatologista.
Já sabemos também que o estresse é inevitável na vida, mas o mais importante é combater o estresse insidioso e prolongado. Manter hábitos de vida saudáveis como uma alimentação balanceada, prática de exercício físico regular, sono restaurador, psicoterapias, cursos e atividades que promovam o bem-estar mental e espiritual são essenciais.
“Busque ajuda sempre que se sentir sem saída, pois a solução do seu problema pode estar em outra pessoa, e não se esqueça de manter o check-up clínico e laboratorial em dia!”, recomenda.