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Escova progressiva sem formol

Desde que o formol foi proibido de fazer parte da escova progressiva, surgiram vários métodos tão eficientes quanto as fórmulas com formol para que as adeptas dos fios alisados não ficassem órfãs.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 31 out 2016, 11h18 - Publicado em 27 jul 2014, 22h00
Deise Garcia - Edição: MdeMulher
Deise Garcia - Edição: MdeMulher (/)
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Foto: Thinkstock

Desde que a escova progressiva com formol foi proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), muitas adeptas se sentiram meio órfãs e para manter o look insistiram no método. É claro que tiveram de recorrer a “infratores”, leia-se profissionais que continuaram fazendo a progressiva original, aquela que leva formol. No entanto, a indústria cosmética, atenta aos pedidos incessantes das consumidoras, desenvolveu produtos capazes de mudar o desenho natural dos fios sem danificá-los e com princípios ativos que não põem em risco a saúde. Aldeni Ribeiro, do salão Franck Provost, e Evandro Ângelo, do EV Salão, que já trabalham com as novidades, contam todos os detalhes dos dois novos métodos que dispensam formol.
 

Alisa, tira volume e doma cachos

O método: Amaciamento Progressivo Nutri Straight Q8., 
 
O que é e como age: o produto tem como principal componente a amônia, substância que, em contato com os fios, consegue amolecê-los, deixando-os prontos para uma nova modelagem. No caso, o alisamento. O líquido neutralizante, indispensável após qualquer química, possui formulação rica em proteínas, nutrindo o fio e garantindo que ele fique macio, brilhante e com balanço natural. 
 
Indicação: todos os tipos de cabelos, menos o afro. 
 
Diferencial: há versões do tratamento atendendo às características de cada tipo de cabelo: danificado, colorido e natural. No cabelo colorido, é aplicada a versão do produto com efeito iluminador, especial para a manutenção do brilho da coloração; já no danificado, usa-se a versão do produto que funciona como repositor de queratina para recuperar a saúde dos fios. Ele também pode ser usado apenas para tirar o volume ou disciplinar os cachos mais rebeldes. 
 
Passo a passo: após a lavagem com xampu de limpeza profunda, a umidade excessiva dos fios é retirada com o secador. Aplica-se o produto indicado por todo o cabelo, que deve ficar no vapor de 10 a 20 minutos, dependendo do cacheado e do volume. Ele é enxaguado antes de receber o neutralizante – para reequilibrar a estrutura (que vai agir por 20 minutos). Novo enxágue e, para finalizar, é hora da escova e da chapa. Os fios já estarão lisos. 
 
Resultado: “Todo tratamento, como esse, que não desestrutura o fio, precisa de mais de uma aplicação para o resultado esperado. Se a questão for apenas volume excessivo, o problema fica resolvido logo na primeira aplicação. Já quando a intenção é se livrar completamente dos cachos, é preciso pelo menos mais uma aplicação”, explica Aldeni Ribeiro. 
 
Cuidados: lavagem apenas após 48 horas da aplicação. Também fica proibido prender o cabelo – mesmo com elástico macio ou fivelas pequenas. 
 
Durabilidade: três meses até que o cabelo volte à estrutura original.
 

Liso em uma única sessão

O método: X-Tenso Progressivo, L’ Oréal Professionnel 
 
O que é e como age: produto à base de tioglicolato de amônia (um princípio ativo que serve para amolecer a fibra capilar, deixando-a maleável para ser moldada), desenvolvido com a chamada “tecnologia autocontrole catiônico”. Em linguagem leiga, isso quer dizer que é capaz de preservar as estruturas de queratina enquanto alisa, mantendo o cabelo saudável. 
 
Indicação: qualquer tipo de cabelo, inclusive o afro. 
 
Diferencial: o cabelo se mantém forte e íntegro durante todas as etapas do serviço. Há também versões do produto para fios sensibilizados (com química anterior ou coloração); finos ou resistentes (muito crespos). Por ser ativado pelo calor, se você usar o secador em casa o efeito fica ainda mais bonito. Se deixar secar ao natural, ele não fica superliso, mas perde o volume. 
 
Passo a passo: o cabelo é lavado com xampu de limpeza profunda para abrir as cutículas. Aplica-se o creme de tioglicolato por toda a cabeleira, espalhando mecha por mecha. Uma pausa de 20 minutos dá o tempo para o produto agir. O cabelo é enxaguado e seco com secador (sem fazer escova). Passa-se a chapa de porcelana (com temperatura controlada pelo profissional), da raiz às pontas. Aplica-se um neutralizante líquido, mecha por mecha, mantendo cada uma delas bem esticada. Há uma nova pausa de 15 minutos. O cabelo é enxaguado e seco com secador (não é preciso fazer escova ou usar a chapinha). Os fios já estarão lisos. 
 
Resultado: fios lisos e brilhantes logo após a aplicação. 
 
Cuidados: a primeira lavada tem de ser depois de 48 horas. Além disso, durante esse período, não se pode pegar chuva, prender o cabelo ou usar tintura metálica (aquela que tem alumínio ou outros minerais na fórmula). Os fios precisam de produtos específicos para cabelo alisado ou quimicamente tratado, que cuidam da reposição de nutrientes perdidos durante o processo como ceramidas. “Além de servirem como tratamento, eles mantêm o efeito alisado por mais tempo”, conta Evandro Ângelo. 
 
Durabilidade: o resultado dura até que a raiz comece a aparecer. Daí é a vez dos retoques
 

Diga não ao formol

Sim, há salões que ainda oferecem a antiga versão da escova progressiva – e, pior, clientes que ignoram os riscos e continuam dispostas a tudo para alisar os fios. Há dois bons motivos para você repensar. Em primeiro lugar, dermatologistas, químicos e hairstylists são unânimes: a técnica é perigosa. E, agora, já temos à disposição técnicas sem formol. 
 
A escova progressiva com formol está proibida? Vários salões fazem… 
Sim. Quem faz está agindo contra a lei. Desde maio do ano passado, a Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu esse tratamento por utilizar o formol, um componente altamente tóxico para o organismo. A quantidade máxima (e segura) permitida em formulações cosméticas é de 0,2%, dosagem insuficiente para produzir um alisamento nos fios. “Para deixar o cabelo crespo liso, só usando uma quantidade muito acima do permitido o que significa colocar a saúde em risco”, diz o dermatologista Valcinir Bedin, do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele, em São Paulo. 
 
Será que faz mal mesmo? 
Sim. “O uso do formol além do limite descrito acima pode provocar irritação nos olhos, nas narinas, dor de cabeça, irritação e feridas no couro cabeludo e na pele do rosto que entrar em contato com ele, intoxicação e problemas respiratórios. As repetições só agravam o problema: podem ocorrer lesões na córnea, insuficiência respiratória, além da queda de fios”, alerta a dermatologista Claudia Marçal, de Campinas (SP). 
 
O que é, afinal, o formol? 
“Também conhecido como formalina, é um líquido incolor tóxico, de cheiro forte e característico, obtido a partir da dissolução do gás formaldeído. Vale lembrar que ele é irritante e, por isso mesmo, tem seu uso indicado apenas em produtos que não entrem em contato direto com a pele. É empregado na assepsia de material cirúrgico em geral e para preservar cadáveres por ter ação bactericida e antisséptica”, explica o engenheiro químico, especialista em compostos químicos para indústria, Alexandre Barbagallo, de São Paulo. 
 
Se é tão agressivo, por que o cabelo fica tão lindo depois da aplicação? 
Porque para compensar a ação danosa do formol na camada interna dos fios (o recheio), a técnica inclui aplicações de altas doses de queratina concentrada. “Ela forma um tipo de filme que encapa os fios, deixando-os perfeitos do lado de fora e vazios do lado de dentro. Após algumas aplicações sucessivas, o cabelo fica sensível, partindo até com uma simples escovação”, conta Evandro Angelo, hairstylist do salão EV, em São Paulo. 
 
Mas os fios não se recuperam rapidinho se eu deixar de fazer? 
Mais ou menos. “O cabelo novo cresce saudável, mas o que foi danificado pela ação do formol fica fragilizado e quebradiço. Por isso mesmo são indicadas sessões regulares de reconstrução com queratina para recondicionar o fio que foi, de certa forma, esvaziado”, explica Aldeni Ribeiro, hairstylist do salão Franck Provost, em São Paulo. 
 
Se o formol estragar o meu cabelo, eu tento outro alisamento e pronto. 
Infelizmente não é bem assim. Dependendo do estado do cabelo, ele pode não aguentar outra química forte e entrar em processo de enfraquecimento severo e queda. Além disso, nem todos os princípios ativos são compatíveis entre si. Só após uma análise minuciosa e um teste de mecha, ambos feitos por um profissional especializado, é que outra técnica poderá ser aplicada. 
 
E fazer em casa? Uma amiga minha tem uma receitinha fácil com formol… 
Esqueça a ideia! Para começar, a venda de formol em farmácias é proibida. Pense bem: se feita por um profissional que estudou a fundo cabelos e afins, a manipulação da substância já é perigosa, imagine fazê-la em casa, sem o mínimo de cuidado e conhecimento.