Seja para mudar o visual, cobrir uns fios brancos ou apenas realçar – ainda mais – a beleza, colorir os cabelos é um dos atos de beleza que mais fazemos ao longo da vida, e muitas vezes está ligado com a imagem de um recomeço. Apesar de ser algo que faz com que nos sentamos mais belas e dá o famoso boost na autoestima, o ato de passar tinta nos fios pode causar danos graves para os mesmos, dando esse glow durar apenas na primeira lavagem. Por isso, reunimos aqui tudo o que você precisa saber sobre o processo e como colorir os cabelos de forma saudável.
A tinta
Com uma enorme variedade no mercado, as tintas podem ser encontradas para todos os gostos de cores e duração. Letícia Bortolini, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, explica a composição de cada uma:
Tinturas temporárias: São compostas de elementos químicos como cobre e chumbo, que se depositam nos fios mas não penetram permanentemente, e vão saindo com as lavagens. São exemplos as rinsagens e xampus que removem amarelado dos fios, e duram entre 6 e 10 lavagens.
As semipermanentes: São conhecidas como tonalizantes e prometem devolver a cor natural dos cabelos, mas na verdade modificam pouco os tons de cor e não cobrem fios brancos completamente. Estas duram mais de 15 a 20 lavagens.
Tinturas permanentes: São compostas de produtos alcalinos que modificam a estrutura capilar abrindo as cutículas, e pigmentos que penetram no córtex e se fixam permanentemente. Quando usadas para descoloração, tem a capacidade de descolorir os fios em 2 ou mais tons, dependo da associação com outros componentes que aceleram e aumentam os tons de cor.
A tintura permanente é a que mais agride os cabelos, pois as alterações causadas nos mesmos não é desfeita conforme o tempo, já as temporárias e semipermanentes não alteram os fios da mesma maneira.
Os danos da coloração
Falta de brilho, fio quebradiço, elástico, pontas duplas e até mesmo a mudança do formato do fio podem ser danos ligados a coloração. “As tinturas corroem a camada superficial dos fios deixando os cabelos mais porosos. Quanto mais radical a mudança de cor e quanto maior o tempo de exposição ao produto, maior é o risco de fragilizar os fios”, explica Roberta.
Mas isso varia de produto para produto e se houve a necessidade de descoloração. “Depende do tipo de tintura. As que são mais usadas são as permanentes e causam danos às cutículas e ao córtex. Isso deixa o cabelo poroso e mais elástico e traduz em um cabelo sem brilho, que quebra fácil, tem pontas duplas e que perde o formato natural do fio. As tinturas temporárias como a Henna, por depositarem pigmento no fio acabam aumentando sua espessura e dão aspecto de dureza e aspereza. Já, a descoloração é o processo que mais destrói a cutícula e deixa o cabelo áspero, quebradiço, elástico e que embaraça muito mais”, finaliza Letícia.
A amônia
A amônia age nos fios abrindo suas cutículas, permitindo assim que o OX e pigmentos da coloração entre dentro dos fios com mais facilidade, garantindo a melhor fixação da coloração nos cabelos e removendo a pigmentação natural. Ela aumenta o pH alcalino e acelerar a descoloração e número de tons de clareamento. “Quando aumentamos o pH provocamos maior dano ao córtex, depositamos mais e melhor o pigmento porém o fio é mais danificado”, explica Letícia.
Por isso, há opções no mercado de produto sem amônia. “É preferível para evitar o dano capilar por processos de pH muito alcalino. Mas, mesmo sendo sem amônia essas tintas contém peróxido de hidrogênio e provocam dano à haste, só que menor porque o pH não fica tão alcalino”, continua a profissional.
Schwarzkopf Essensity, coloração sem amônia
O uso de Plex
Desenvolvido para evitar os danos oxidativos que a tintura causa nas pontes de enxofre (que são as ligações mais fortes que o cabelo tem), o plex é um composto de óleos vegetais e aminoácidos feito para já durante o processo de coloração, repor o que o fio perde em queratina pelo processo químico, e formar um filme lipídico que protege as cutículas das agressões. “Com isso esse produto não deixa que o fio fique com as cutículas tão abertas e desidratadas, e não deixa que o córtex perca muita queratina. Ele atrasa um pouco o tempo necessário para atingir a cor”, diz Letícia.
Roberta explica que há vários tipos de plex que existem no mercando, dentre eles olaplex e fibroplex. “Quando usar o olapex, tem que aumentar o oxidante pois ele diminui o poder de clareamento; ele requer tempo de pausa maior e diminuir a velocidade da reação química. Ele protege 75% das pontes de enxofre, já o fibroplex não tem esse problema. É mais fácil de usar e protege 94% a quebra das pontes de enxofre. Quando o cabelo fica danificado, o que acontece é justamente a degradação das pontes que os unem. Para resumir, as cadeias proteicas da queratina são quebradas pelos processos químicos que fazemos em nosso cabelo e os produtos PLEX prometem justamente reconstruir esses danos”.
A maneira correta de colorir os cabelos
Roberta Padovan, especialista em Medicina Estética e Dermatologia diz que antes de qualquer coisa, é preciso respeitar o tempo do seu cabelo. “O ideal é aguardar no mínimo duas semanas para pintar o cabelo de novo, mesmo que seja apenas a raiz”, diz a profissional. Lembre-se de fazer um teste de irritabilidade é essencial, uns dias antes de pintar os fios, passe um pouco sobre a pele atrás da orelha, aguarde alguns minutos antes de retirar e observe ao longo dos dias se não há nenhuma reação na pele.
Letícia ressalta a importância de um olhar profissional para avaliar a estrutura capilar, “ver se o fio ‘aguenta’ receber aquele processo sem muito prejuízo como risco de quebra química por incompatibilidade de processos químicos. Uma coisa importante também é saber quais as tinturas usadas previamente para não causar incompatibilidade química, que pode ocorrer entre as tinturas”.
Lave os cabelos 24 horas antes (ou até mais) de pintar, pois o couro cabeludo mais oleoso fica mais protegido de irritações pela tintura. “Depois de pintar faça a acidificação e hidratação dos fios, sendo que isso deve ser continuado em casa com xampus e máscaras específicas. E além disso, se for realizado processo de alisamento, este deve ser feito antes da tintura, porque o alisamento desbota o pigmento da tinta”, conta Letícia.
Durante o colorimento fuja de produtos muito oleosos pois eles podem atrapalhar na fixação da cor e não use shampoo antirresíduo antes de aplicar a tinta (ou depois). Caso você esteja com alguma lesão no couro cabeludo, evite pintar os fios.
Acidificação Capilar
O processo de acidificação capilar ocorre após a coloração, equilibrando o pH dos fios, o que auxilia a manter as cutículas seladas e promove a reparação dos mesmos. “Dessa forma, teremos maior retenção dos tratamentos feitos e os fios ficarão mais saudáveis, brilhantes e alinhados”, explica Roberta. Esse processo funciona como uma espécie de selagem da fibra capilar e é extremamente importante, pois, quando aplicado um produto químico (como a coloração), há abertura das escamas dos fios, deixando os cabelos mais suscetíveis aos danos. O processo é feio no salão com shampoo e condicionador, mas há a opção de usar vinagre e bicarbonato de sódio nas lavagens para fazer a acidificação em casa.
Os produtos veganos e o movimento cruelty-free no mundo dos cosméticos vem sendo um tema debatido pelos consumidores. Em 2021, a The Humane Society of the United States publicou um vídeo conscientizando a população sobre o teste em animais que bombou nas redes sociais. Empresas como Inoar e Embelleze já lançaram versões veganas e que prometem os mesmo resultados das de origem animal.
“Em teoria, a tintura vegana funciona igual e não prejudica mais os fios. Não existem para ser melhores ou agredir menos mas sim para pessoas veganas”, diz Letícia.
Tinta de Cabelo Natucor, Preto Suave