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Chip da Beleza: o contraceptivo emagrece, define e aumenta libido

Um pequeno bastão implantado sob a
 pele promete baixar
 o peso e sumir com 
a celulite. Descubra como ele funciona e para quem é indicado

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 17 fev 2020, 15h07 - Publicado em 4 set 2017, 12h56
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 (Cristina Nabuco/BOA FORMA)
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Se uma fada madrinha recebesse a lista de desejos de boa parte das mulheres, ela incluiria: ficar livre da TPM, perder peso, definir músculos, sumir com a celulite, dar um up na libido. Mas quem precisa de magia quando se tem a tecnologia? Tudo o que a gente quer parece estar dentro de um pequeno bastão de silicone que conquistou muitas fit girls.

O implante é, na verdade, um anticoncepcional colocado sob a pele do glúteo para liberar gradualmente a gestrinona, hormônio derivado da progesterona e com efeito androgênico. “Ela mantém o nível de testosterona no sangue, o que favorece o aumento da musculatura em quem treina regularmente”, explica o gastroenterologista Fernando Guanabara, que atende em Fortaleza, São Paulo e Miami (nos Estados Unidos).

Hoje, o implante com gestrinona é receitado como anticoncepcional com bastante segurança. Mas, em 2015, quando a Anvisa liberou uma concentração maior do hormônio, ele começou a chamar a atenção por novos “efeitos colaterais”, como eliminar a retenção de líquido.

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Esse e outros benefícios fizeram a fama do método e conquistaram quem já usou, como a pediatra Isa Xavier, 29 anos, de Fortaleza. “Já havia emagrecido 12 quilos com dieta e, mesmo malhando, não conseguia ganhar massa magra. Com o implante, meu desempenho físico melhorou e meu corpo ficou mais definido”, conta.

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A inserção é feita com anestesia local, em poucos minutos no consultório. Se doer, basta aplicar gelo. Em algumas pacientes, o corte pode deixar uma pequena cicatriz, mas não há necessidade de interromper as atividades físicas.

Calma aí!

Empolga, sim, mas não dá para decidir logo de cara. Depois do implante, vem a fase de adaptação: 90 dias em que podem ser necessários ajustes para contornar reações indesejáveis, como aumento da oleosidade da pele ou mesmo rouquidão. Em geral, o médico começa com uma dose baixa. E, se ela não for suficiente, é preciso aumentá-la adicionando um ou mais tubos abaixo da pele. Como o efeito dura até um ano, depois desse período você deve repetir o procedimento. Mas nem todo mundo quer continuar com o bastão.

No blog Eu e a Gestrinona, a autora de 31 anos, que se mantém anônima, reconheceu o alívio da TPM, a redução do sangramento menstrual e a maior definição muscular. Mas, ainda assim, engordou 4 quilos, notou mudança na voz, ganhou muitas espinhas e não viu melhora no quadro de celulite. De fato, as respostas variam muito entre as usuárias.

Mas a polêmica vai além: a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia não aprova o uso da gestrinona ou de qualquer outro hormônio para pessoas que não apresentam deficiência dessas substâncias e diz que isso leva a complicações como queda de cabelo, aumento dos pelos e do clitóris e, se as doses forem muito altas, até infarto, derrame e alguns tipos de câncer.

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Por tudo isso, o Conselho Federal
de Medicina também proíbe o uso de hormônios por motivação estética – os médicos que o fizerem estão sujeitos a advertência ou penalidades que incluem a suspensão do registro profissional.

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Mas por que essa desconfiança?

Diferentemente do implante anticoncepcional tradicional de etonogestrel, que é produzido por uma farmacêutica multinacional de maneira padronizada, o de gestrinona é feito em pequena escala por um único laboratório. Para definir a quantidade de hormônio, os médicos solicitam exames, avaliam as queixas e consideram o índice de massa corporal e o nível de atividade física. Em geral, recomenda-se um tubete para cada 10 a 15 quilos de peso. E é justamente a falta de estudos indicando 
as doses mínima e máxima de gestrinona que mais incomoda os críticos.

“O implante de gestrinona não passou por estudos controlados para comprovar sua segurança a longo prazo e seus efeitos adversos”, destaca a endocrinologista Mariana Farage, colaboradora do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia do Rio de Janeiro. “Na falta desses trabalhos, as pessoas funcionam como cobaias”, diz ela.

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A gestrinona, quando associada a outros hormônios, pode apresentar ainda mais reservas. “Como esses implantes são manipulados, não se sabe o que de fato há ali”, ressalta o endocrinologista Pedro Assed, do Grupo de Estudos de Obesidade e Transtornos Alimentares (Gota), no Rio de Janeiro. “Alguns médicos fazem uma reposição inadvertida de testosterona, com o objetivo de ganho muscular”, alerta.

Fora isso, Pedro Assed já acompanhou casos em que o implante desapareceu no corpo da usuária e não foi localizado por radiografia. Onde o chip perdido foi parar e que complicações isso pode trazer são pontos em aberto.

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Gestrinona

Duração: 1 ano.
Local de colocação: Glúteo.
Efeitos sobre a menstruação: Após seis meses de uso, a maioria das usuárias para de sangrar.
Efeitos indesejáveis: Aumento da oleosidade da pele e dos pelos, queda de cabelo, engrossamento da voz.
Contraindicações: Histórico de trombose, queda de cabelo, câncer de mama em tratamento, suspeita de gravidez.
Custo: De R$ 5 mil a R$ 7 mil.

Etonogestrel

Duração: 3 anos.
Local de colocação:  Braço.
Efeitos sobre a menstruação: Após seis meses
de uso, 20% param de menstruar, 20% têm sangramentos irregulares/eventuais, 60% têm fluxo menor.
Efeitos indesejáveis: Acne, dor nas mamas, dor de cabeça, alterações de humor, retenção de líquido.
Contraindicações: Doença grave do fígado, sangramento vaginal de origem desconhecida, câncer dependente de hormônio, suspeita de gravidez.
Custo: DeR$1500aR$3mil.

Então, pode ou não pode usar?

Depende. O implante de gestrinona é liberado e continua sendo prescrito por agir como
um anticoncepcional bastante eficaz (evita
 a ovulação e torna o muco cervical hostil aos espermatozoides) e combater distúrbios ginecológicos decorrentes das variações hormonais.

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“Ele suspende a menstruação completamente se a mulher quiser, acaba com a TPM, elimina as cólicas, previne e trata a endometriose e reduz o aparecimento de miomas [tumores benignos do útero]”, enumera o ginecologista Malcolm Montgomery, de São Paulo, que receita o implante para esse fim há mais de 20 anos. Se há um consenso entre os médicos, é que não existem soluções milagrosas nem resultados a curto prazo.

Os ganhos estéticos deveriam ser eventuais bônus, quando o tratamento é indicado corretamente. “Não diria que a gestrinona emagrece, mas pode ajudar a desinchar
e reduzir a compulsão por doce, o que tem impacto positivo no peso”, esclarece Malcolm. Mas, sem dieta adequada, exercícios físicos regulares e uma vida regrada, dificilmente
se consegue um corpo bem torneado. Mesmo recorrendo a hormônios.

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