Assim como acontece com tantos outros fatores da nossa saúde, uma dieta equilibrada pode influenciar diretamente na fertilidade e ajudar muito na concepção natural e nos tratamentos de reprodução assistida.
“Sabemos que bons hábitos de vida são altamente importantes para aumentar as chances de gravidez, mesmo quando indicamos técnicas de Reprodução Assistida. E, nesse contexto, a dieta é fundamental”, explica Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e sócio do Mater Lab.
Como a alimentação influencia na fertilidade?
De acordo com o profissional, vários estudos já examinaram essa questão e as dietas mais indicadas têm alguns pontos em comum: alto consumo de vegetais e frutas, prioridade para proteínas magras e equilíbrio na ingestão de carne vermelha, além da substituição de farináceos por grãos integrais. “Esse tipo de alimentação garante macro e micronutrientes, com ação também antioxidante para melhorar a funcionalidade do sistema reprodutor”, afirma.
Sendo assim, um dos tipos de dietas que podem beneficiar a fertilidade é a dieta mediterrânea, que inclui um alto consumo de frutas, vegetais, peixes, nozes, gorduras saudáveis e baixo consumo de carnes e gorduras não saudáveis. “A adesão à dieta mediterrânea foi positivamente associada a melhores resultados de gravidez com técnicas de reprodução assistida e a concepção natural”, diz o médico.
Outra referência é formada pelas Diretrizes Dietéticas Holandesas, um padrão alimentar que aconselha o aumento da ingestão de vegetais, frutas, peixes, carnes magras em doses equilibradas, grãos integrais e gorduras saudáveis. “Os estudos mostraram um aumento de 65% nas chances ajustadas de gravidez clínica”, afirma o profissional.
Rosa ainda ressalta que, do outro lado das indicações para melhorar a fertilidade, há as dietas não saudáveis de padrão ocidental. “Dietas de alta densidade energética, rica em gorduras saturadas, pobre em frutas, legumes e grãos, são associadas a uma redução de 70% nas taxas de gravidez clínica. Seguir padrões mais saudáveis é o recomendável”, ele aponta.
E complementa: “A dieta ocidental é comumente composta por quantidades excessivas de gorduras saturadas, carboidratos refinados e proteínas animais, além de ser pobre em fibras, vitaminas e minerais, o que faz com que esteja associada a altos níveis de inflamação. E possuímos extensas evidências de que a inflamação do organismo pode afetar a fertilidade feminina e masculina, contribuindo para a diminuição da qualidade seminal, desregulação dos ciclos menstruais, falhas na implantação embrionária e outras sequelas reprodutivas”.
Suplementação ajuda?
De acordo com o médico, em alguns casos, os suplementos também podem ser indicados, mas sempre sob orientação médica. “Por exemplo, cerca de 40% das mulheres não metabolizam o ácido fólico na forma ativa, chamada metilfolato, devido a mutações dos genes que codificam uma enzima chamada MTHFR (metilenotetrahidrofolato redutase). Essa via metabólica é complexa e na verdade outras vitaminas do complexo B são essenciais para o perfeito funcionamento. Portanto, não basta usar apenas o metilfolato sem as demais vitaminas”, diz o médico.
Segundo ele, a suplementação ideal requer avaliar e repor não só as vitaminas, como outros micronutrientes (sais minerais, aminoácidos essenciais e ácidos graxos essenciais).
“A suplementação adequada deve incluir outros micronutrientes e essa prescrição deve ser individualizada. Uma dica importante: para melhor absorção das vitaminas, o ideal é tomar aquelas que são hidrossolúveis (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12 e C) em jejum, apenas com água, e as lipossolúveis (A, D, E e K) junto das refeições”, orienta Rosa.
E finaliza: “Mas a melhor forma de potencializar suas chances sempre será uma alimentação saudável”.