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Doença celíaca: o que fazer após o diagnóstico?

Confira um guia completo de orientações para quem enfrenta a doença autoimune desencadeada pela ingestão de glúten

Por Ana Paula Ferreira
15 Maio 2024, 16h00
Veja quais alimentos estão liberados na dieta de pessoas celíacas
Veja quais alimentos estão liberados na dieta de pessoas celíacas (Freepik/Divulgação)
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A doença celíaca é uma condição que passa de geração para geração. Entretanto, a genética não é o único fator de influência para o seu desenvolvimento. O estilo de vida ocidental, que inclui uma alimentação desequilibrada, também pode contribuir para a sua concepção, de acordo com as hipóteses científicas.

Adriana Zanardo, porta-voz e nutricionista da Jasmine, explica que a doença celíaca (DC) é uma doença autoimune em que, em indivíduos suscetíveis, a ingestão de glúten leva a reações imunológicas no intestino delgado. “O próprio sistema imunológico lesiona o intestino delgado de várias formas, causando inflamação, dor intensa, diarreia persistente, redução da absorção de nutrientes, perda de peso e outras consequências”, ela aponta.

“Os sintomas podem incluir, ainda, confusão mental, déficit de atenção, dor de cabeça, fadiga crônica e dores articulares. Para o diagnóstico, é importante observar os sintomas e realizar em conjunto exames específicos, como exame de sangue com imunoglobulina IgA e IgG”, complementa.

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Como lidar com a condição?

De acordo com a nutricionista, o glúten é formado por dois componentes proteicos principais, gliadinas e glutenina, que não são digeridos por celíacos, fazendo com que o sistema imunológico os interprete como ruins, atacando-os e, consequentemente, atacando também o próprio corpo do indivíduo. “Por essa razão, a dieta sem glúten é o tratamento mais eficaz para a doença celíaca”, afirma Adriana.

No entanto, apenas manter uma dieta adequada não é suficiente para cuidar da saúde de pessoas celíacas. Segundo a profissional, é necessário adotar outras recomendações importantes. São elas:

  • Praticar atividade física regularmente;
  • Fazer o acompanhamento médico e nutricional;
  • Procurar associações que possa frequentar. Um dos canais mais seguros para busca de qualquer tipo de informação relacionada à doença celíaca é a Federação Nacional das Associações de Celíacos no Brasil;
  • Frequentar eventos e siga pessoas que fazem parte da mesma comunidade que você;
  • Se permitir exteriorizar seus sentimentos de frustração, raiva, medo;
  • Fazer uma lista do que pode e não pode comer e perceba que, mesmo com muitas restrições, ainda existem novas possibilidades;
  • Criar hábito de se aventurar na cozinha para testar combinações, sabores, aromas e texturas diferentes, lembrando que, além de fazer bem à saúde física, cozinhar pode ser também parte de um processo terapêutico prazeroso.

“Pode parecer complicado no início, mas, o paciente celíaco pode ter uma vida mais leve à medida que se informa, cuida dos seus sentimentos e da sua alimentação. Comece adotando uma perspectiva positiva sobre o seu quadro e busque conciliar a alimentação saudável em conjunto com a prática de atividade física de sua preferência”, destaca a nutricionista.

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Estratégias para manter a dieta celíaca equilibrada

A Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil também tem algumas estratégias e recomendações para ajudar pessoas com doença celíaca a manterem a alimentação equilibrada.

  • Rede de apoio

Oriente seus familiares e amigos sobre a doença celíaca e os cuidados com a alimentação, especialmente, pensando em festas e confraternizações;

  • Cuidados em casa

Ao preparar as refeições, mantenha a atenção nos utensílios, já que, sem a limpeza adequada, aumentam as chances de contaminação dos alimentos, prejudicando a dieta celíaca. Atenção às facas, assadeiras e óleo utilizado para as refeições;

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  • Seletividade

É essencial o cuidado com temperos industrializados, pois muitos contêm glúten. Não utilize farinhas com glúten, mesmo que seja “só” para polvilhar a assadeira;

  • Pesquisas

Antes de sair de casa, verifique os estabelecimentos confiáveis e, se possível, avalie o cardápio;

  • Comer fora de casa

Vale lembrar que, ao frequentar buffets, restaurantes e self-service, mesmo que os alimentos sugeridos sejam glúten free, existe a chance de contaminação pelas travessas próximas e pelo uso de talheres repetidos. Fique atento!

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Lista de ingredientes para celíacos

“O glúten é uma das proteínas presentes em trigo, centeio, cevada e malte. A aveia naturalmente não contém glúten, mas é comum que tenha traços devido à contaminação cruzada que ocorre quando se mistura alimentos com e sem glúten em, pelo menos, uma etapa do processo de produção, considerando colheita, moagem, armazenamento e transporte”, alerta a nutricionista. “Isso também pode acontecer com outros tipos de alimentos. Por isso, ao fazer sua lista de compras, é importante observar as embalagens dos produtos”, pontua.

Vale lembrar de que a lei federal nº 10.674, de 2003, determina que todas as empresas que produzem alimentos precisam informar obrigatoriamente em seus rótulos se o produto “contém glúten” ou “não contém glúten”.

Para garantir uma alimentação segura, Adriana indica a compra de produtos de marcas de sua confiança, que possam agregar valor nutricional, sabor e a variedade ao cotidiano.

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“O celíaco pode contar com diversas opções de pães para compor os sanduíches, além de wraps com recheios diversos, bolos e biscoitos de arroz e de milho”, ela indica.

E complementa: “Já na categoria grãos, as granolas e aveias podem ser combinadas com frutas e outros toppings. Para saciar a fome ao longo do dia, bites e cookies são opções saudáveis que recomendo aos meus pacientes”.

Para manter o planejamento alimentar da sua semana, confira os itens saudáveis que podem ser inclusos na lista de compras:

  • Cereais: arroz e milho;
  • Farinhas: mandioca, arroz, milho, fubá e féculas;
  • Gorduras: óleos vegetais e animais (manteiga);
  • Frutas: todas;
  • Leite e derivados: todos (atenção com iogurtes/shakes, porque alguns com sabores/caldas podem ter glúten);
  • Verduras, legumes, raízes e leguminosas: todos;
  • Ovos e carnes em geral: todos;
  • Sementes e castanhas: todas.
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