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Como seus genes afetam sua capacidade de perder peso

Um estudo analisou por que algumas pessoas parecem nunca ganhar peso, independentemente de sua dieta.

Por Maria Claudia Amoroso
13 out 2020, 09h00

Se você é do grupo dos magrinhos, já deve ter se questionado porque come à vontade e não engorda. Pois um estudo descobriu como seus genes afetam essa capacidade de perder peso. Na análise, publicada no jornal PLOS Genetics, pesquisadores do Reino Unido compararam o DNA de 1.622 voluntários magros, 1.985 pessoas gravemente obesas e um grupo de controle de peso normal de 10.433.

“A magreza saudável persistente, semelhante à obesidade severa, é uma característica hereditária”

 

 

Eles descobriram que pessoas magras têm a genética do seu lado. “Usando dados de genótipo de todo o genoma, o estudo mostrou que a magreza saudável persistente, semelhante à obesidade severa, é uma característica hereditária”, explica o geneticista Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, laboratório especializado em análise genética e exames de genotipagem.

GENES X ESTILO DE VIDA, NA PERDA DE PESO

Mas de acordo com o geneticista, um detalhe precisa ficar claro: todos nós somos resultados da interação dos nossos genes com fatores ambientais. “O nosso estilo de vida, nossa alimentação, nível de atividade física e nível de estresse modulam a nossa suscetibilidade genética e a maioria das doenças degenerativas crônicas. Portanto, ninguém nasce pré-determinado a desenvolver qualquer doença ou condição crônica que se apresenta ao longo da vida. Nascemos, sim, com suscetibilidades diferentes. Entretanto, qualquer suscetibilidade genética pode ser amenizada com hábitos saudáveis, principalmente uma alimentação adequada e personalizada com base no nosso Genótipo, que permite uma melhor estimativa das nossas necessidades individuais”, afirma o geneticista.

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“Qualquer suscetibilidade genética pode ser amenizada com hábitos saudáveis, principalmente uma alimentação adequada e personalizada”

Segundo a nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), os testes genéticos são cada vez mais importantes, pois podem, a partir das análises específicas, identificar características individuais e tendências ou predisposição para o desenvolvimento de doenças metabólicas, além da sensibilidade e da tolerância a macronutrientes e micronutrientes. “Com os resultados é possível traçar estratégias terapêuticas que incluem dieta, prescrição de suplementos e medicamentos com objetivo de evitar que os polimorfismos genéticos (variações na sequência de DNA) sejam expressos”, afirma a médica.

PRINCIPAIS GENES QUE INFLUENCIAM NA PERDA DE PESO

De acordo com Marcelo, três genes têm destaque quando o paciente é propenso ao acúmulo de gordura: FTO, INSIG2 e POMC. “No caso da desregulação desses genes, o corpo gasta menos energia e ganha mais peso, da mesma forma que ele acumula mais gordura. Para cada alelo de risco (o par do DNA), quando um está alterado, há um ganho de 1,13kg: é o caso de pessoas que engordam com muita facilidade”, afirma.

O QUE FAZER PARA MUDAR O QUADRO

“Nesse caso, o paciente responde bem a uma dieta hiperproteica e não low carb, em que pode haver até um ganho de peso… Esse paciente somente se sente saciado quando consome fibras e vegetais que melhoram a saciedade”, detalha a Dra. Marcella Garcez. “O médico pode ainda indicar os suplementos para diminuir o acúmulo de gordura tendo o açúcar e os carboidratos como fonte, boosters termogênicos que trazem compostos bioativos estimulantes e fibras que otimizam o metabolismo, além de substâncias que aumentem a produção energética e melhorem o metabolismo, que atuarão em conjunto para reequilibrar o organismo”, afirma a médica.

“É recomendável também aumentar a ingestão diária de líquidos, em média, para 3,2 litros para homens e 2,2 litros para mulheres”

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“É recomendável também aumentar a ingestão diária de líquidos, em média, para 3,2 litros para homens e 2,2 litros para mulheres, aumentar o consumo de fibra para ajudar saciedade e fornecer prebióticos que são benéficos para o microbioma intestinal, que também podem afetar o peso”, explica a médica.

Além disso, há mais meios de ficar em forma apesar da genética. No topo da lista, é claro, estão os exercícios. É necessário praticar pelo menos 30 minutos de exercícios 5 dias por semana. “Fazer exercícios regulares e consistentes é muito importante. Não precisa ser uma atividade extenuante, mas apenas moderada e consistente”, diz a médica.

E lembre-se: nada de forçar respostas rápidas. “A perda de peso sustentável é uma maratona, não uma corrida de 100 metros. Não faz bem a ninguém perder 30 quilos e recuperá-los 6 meses depois”, diz a médica.

 

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