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Dieta vegana melhora saúde cardiovascular, aponta estudo

Na pesquisa, gêmeos seguiram uma dieta saudável onívora ou vegana, sendo que o último grupo apresentou melhoras importantes na saúde cardiovascular

Por Ana Paula Ferreira
Atualizado em 13 mar 2024, 17h12 - Publicado em 13 mar 2024, 16h36
Veja qual a relação entre alimentação vegana e a saúde cardiovascular
Veja qual a relação entre alimentação vegana e a saúde cardiovascular (mdjaff/Divulgação)
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As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no Brasil e no mundo. E a predisposição a essas doenças está diretamente relacionada com o estilo de vida, principalmente a alimentação, como já apontaram diversos estudos e pesquisas ao redor do mundo.

“Diversos estudos já demonstraram, por exemplo, que a redução do consumo de carne pode ajudar a diminuir o risco de doenças cardiovasculares, pois tende a contribuir com a melhora de uma série de marcadores associados a uma saúde cardiovascular ruim, como altos níveis de colesterol ruim (LDL), resistência insulínica e obesidade”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Contudo, as pesquisas que tentam confirmar essa relação entre dieta e saúde cardiovascular tendem a ser prejudicadas por diferenças em fatores como genética, educação e outros hábitos de vida dos participantes que também podem influenciar nessa questão. Diante disso, um estudo publicado em novembro no Journal of the American Medical Association confirmou que a dieta vegana pode melhorar a saúde cardiovascular ao estudar essa relação em gêmeos.

Estudo sobre benefícios da dieta vegana para a saúde cardiovascular

O estudo incluiu 22 pares de gêmeos idênticos, totalizando 44 participantes saudáveis e sem doenças cardiovasculares. “Estudar gêmeos idênticos permite um controle maior de fatores que podem influenciar nos resultados, pois, além de possuírem a mesma genética, esses indivíduos cresceram no mesmo ambiente e geralmente têm estilo de vida e hábitos semelhantes”, destaca a médica.

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Cada par de gêmeos foi dividido em dois grupos: um que deveria seguir uma dieta vegana e outro designado para adotar uma dieta onívora. “Ambas as dietas eram saudáveis e repletas em vegetais, frutas, legumes e grãos integrais, além de serem baixas em açúcares e carboidratos refinados. Enquanto a dieta onívora incluía frango, peixe, ovos, queijos e demais derivados do leite, a dieta vegana era completamente à base de plantas e livre de carne e outros produtos de origem animal”, detalha a especialista.

Nas quatro primeiras semanas do estudo, os participantes receberam refeições em casa e, nas outras quatro, preparam sua própria comida, contando com um nutricionista para tirar qualquer dúvida sobre a dieta. Nesse período, os gêmeos foram entrevistados sobre sua alimentação, além de passarem por exames de sangue e verificação do peso no início, na metade e no final do estudo. Com isso, os pesquisadores observaram, por exemplo, uma redução nos níveis médios de colesterol LDL (o ruim), que, no grupo vegano, passaram de 110.7 mg/dL para 95.5 contra 118.5 mg/dL para 116.1 entre os onívoros.

“Níveis altos de LDL estão relacionados ao aumento do risco cardiovascular devido ao depósito de colesterol nas artérias, o que pode levar a ocorrência de infartos e AVC’s. Idealmente, os níveis de LDL devem estar abaixo de 100 mg/dL”, explica a Dra. Marcella. O grupo vegano também apresentou uma diminuição de 20% na insulina em jejum e perdeu cerca de dois quilos a mais que os onívoros. “Assim como o colesterol LDL, a insulina e o peso corporal também são fatores relacionados à saúde cardiovascular. Além disso, altos níveis de insulina são um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes.”

O estudo ainda demonstrou que é viável aprender a preparar e consumir uma alimentação saudável à base de plantas para melhorar a saúde em um curto período de tempo, visto que 21 dos 22 participantes designados para a dieta vegana concluíram o estudo e as maiores mudanças foram observadas nas primeiras quatro semanas.

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“E não é preciso adotar uma dieta estritamente vegana da noite para o dia. Simplesmente adicionar mais alimentos à base de plantas na dieta, além de reduzir o risco de doenças cardiovasculares e aumentar a longevidade, também é capaz de conferir benefícios como melhora da microbiota intestinal e redução do encurtamento dos telômeros, o que está relacionado ao processo de envelhecimento do organismo”, aponta a médica. No estudo, as três principais coisas feitas pelos participantes veganos para melhorar a saúde cardiovascular foram: reduzir o consumo de gorduras saturadas, aumentar as fibras alimentares e perder peso.

Por fim, Marcella Garcez ressalta que o estudo se refere a dietas saudáveis. Então, na hora de migrar para uma dieta à base de plantas, é importante tomar cuidado para não cair em ciladas, como o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados, incluindo as chamadas “carnes do futuro”.

“Muitos desses produtos produzidos a partir de plantas para tentar replicar um alimento de origem animal são considerados alimentos ultraprocessados, isto é, são formulações industriais fabricadas a partir de substâncias extraídas ou derivadas de outros alimentos (no caso, as plantas) e sintetizadas em laboratório (corantes, aromatizantes, conservantes e aditivos). Esse processamento é o que torna tais alimentos mais agradáveis ao paladar e similares aos produtos que se propõem a substituir, mas também é o que faz com que não sejam tão saudáveis quanto os alimentos in natura, podendo, dependendo da composição, aumentar o risco de certos problemas de saúde, como obesidade, colesterol e doenças cardiovasculares”, alerta a médica.

Segundo ela, a melhor opção para aqueles que desejam abandonar os produtos de origem animal de maneira realmente saudável é apostar nas preparações caseiras de alimentos vegetais in natura. “Outro cuidado é com relação ao consumo balanceado e equilibrado de todos os macronutrientes, principalmente as proteínas, já que os veganos devem priorizar a combinação, no geral, de um grão com um cereal para ingerir todos os aminoácidos essenciais (que o corpo não é capaz de sintetizar)”, finaliza.

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