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Dieta no início da gravidez reduz diabetes gestacional, diz estudo

Estudo publicado no European Journal of Nutrition mostrou que uma dieta saudável e abrangente diminui o risco de diabetes mellitus gestacional

Por Guilherme Zanette
11 fev 2022, 11h36
Mulher grávida comendo frutas, como maçã
 (nd3000/Thinkstock/Getty Images)
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Dieta inadequada e sedentarismo são dois hábitos de vida que podem trazer riscos à saúde, principalmente quando pensamos em gestantes. “A obesidade é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de diabetes mellitus gestacional, e um número cada vez maior de mulheres grávidas apresenta sobrepeso ou obesidade. Os hábitos alimentares têm impacto na obesidade e no aparecimento de diabetes mellitus gestacional”, explica o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

O ESTUDO

Um estudo finlandês, publicado no final de 2021 no European Journal of Nutrition, examinou a conexão entre a ingestão alimentar e o aparecimento de diabetes gestacional em 351 mulheres com sobrepeso ou obesas. “O trabalho concluiu que intervenções na dieta no início da gestação reduzem os riscos de diabetes gestacional, uma condição ligada a diversas complicações durante a gravidez e o parto, além de como aumentar o risco de doenças metabólicas na criança mais tarde. Alguns trabalhos também apontam que altos níveis de glicose em mães com o problema desencadeiam mudanças epigenéticas no feto em desenvolvimento (modificações na atividade genética do feto em virtude de exposições ambientais), resultando em efeitos adversos para a saúde da criança ao longo do tempo”, explica o especialista, que também é Doutor pelo Imperial College London e membro da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE).

No estudo, a ingestão de nutrientes pelas mulheres foi calculada a partir de diários alimentares; com isso, os dados foram divididos com base em dois padrões alimentares: um padrão alimentar saudável e outro não saudável. Além disso, a qualidade geral da dieta em referência ao recomendado foi descrita com um índice de qualidade da dieta e o potencial inflamatório com um índice inflamatório alimentar. “Os resultados de pesquisa mostram que seguir uma dieta saudável no início da gravidez reduz o risco de diabetes gestacional. Ao mesmo tempo, uma dieta que aumenta a inflamação do corpo está relacionada ao risco maior de diabetes gestacional”, diz o especialista.

RESULTADOS

Segundo os pesquisadores, um índice inflamatório alimentar mais alto, ou seja, uma dieta que aumenta os marcadores inflamatórios de baixo grau no corpo, estava relacionado a um risco aumentado de desenvolver diabetes mellitus gestacional. Um maior consumo de gordura e principalmente de gorduras saturadas também foi relacionado ao diabetes gestacional. “Sabemos que a ingestão de gorduras saturadas aumenta a inflamação do corpo. As gestantes também devem tomar cuidado com excesso de alimentos de alto índice glicêmico, como doces, massas e farinha branca”, diz o Dr. Fernando.

Vários métodos foram usados ​​no estudo para examinar a ingestão alimentar no início da gravidez. Essas análises revelaram que uma dieta que promova a saúde de forma abrangente está associada a um risco menor de desenvolver diabetes gestacional. “Comer vegetais, frutas, frutas vermelhas e produtos integrais, bem como gorduras insaturadas, é particularmente importante. Esses nutrientes e alimentos reduzem a inflamação no corpo e, portanto, também o risco de diabetes gestacional. O trabalho mostrou que a paciente provavelmente se beneficiará de orientação dietética no início da gravidez”, conta o especialista.

O QUE FAZER?

A médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), enfatiza que a mulher que deseja engravidar, se apresentar alterações metabólicas como obesidade e resistência insulínica ou histórico familiar de diabetes, deve ser orientada quanto aos riscos do desenvolvimento de diabetes gestacional e seus desfechos e encorajada a fazer mudanças imediatas no hábito alimentar como a redução no consumo de açúcares e praticar atividades físicas, para ajudar na prevenção. “No caso da gestante que desenvolve diabetes gestacional, essa deve ser informada de todos os riscos e consequências da disfunção, para ela e para o bebê. Orientações alimentares, como a restrição total no consumo de açúcares, farináceos refinados e alimentos ultraprocessados, e quanto importância da prática de atividades físicas frequentes e sem impacto, devem ser feitas às gestantes. Mesmo assim, diante da gravidade e riscos da situação metabólica, muitas vezes é necessário o controle medicamentoso”, afirma a Dra. Marcella.

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Segundo a médica, uma dieta balanceada nos períodos de pré-concepção, gestação e amamentação, incluindo alimentos ricos em macro e micronutrientes, é o método ideal para atender às necessidades nutricionais e garantir o pleno desenvolvimento e crescimento do feto. “Além de proteínas como carnes magras, ovos, laticínios e leguminosas, carboidratos complexos como as frutas, legumes, grãos integrais e sementes e gorduras boas, como azeite de oliva, sementes oleaginosas, castanhas e algumas frutas, também é altamente necessário o aporte adequado de vitaminas e minerais, presente nesses grupos alimentares. É também recomendável o consumo de outras substâncias benéficas à saúde, como antioxidantes, carotenoides e polifenóis”, indica a médica nutróloga. “Muitas vezes o médico obstetra tem formação em Nutrologia e pode orientar adequadamente a gestante, caso contrário, situações especiais ou de risco, um médico nutrólogo pode fazer acompanhamento complementar. O profissional da Nutrição com sugestão de cardápios e substituições alimentares, integrando a equipe multidisciplinar, é muito bem-vindo durante o período gestacional”, finaliza a Dra. Marcella.

FONTES:

*DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento.

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