Davi Brito, participante do grupo “Pipoca” do “BBB 24”, chamou atenção ao lavar o frango com detergente enquanto fazia o almoço para os companheiros de reality-show. Mas, afinal, qual é o problema de lavar o alimento antes do preparo?
Segundo Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, o frango nunca deve ser lavado, nem na cuba da pia nem em qualquer outro recipiente.
“A prática favorece a proliferação de microrganismos nocivos que são espalhados junto com a água nas superfícies ao redor, aumentando o risco de contaminação cruzada de outros alimentos e, consequentemente, de intoxicação alimentar. Então, é importante não lavar o frango. E não há necessidade de se preocupar com bactérias, pois elas serão eliminadas pelo calor durante o preparo adequado do alimento”, explica a especialista.
Intoxicação alimentar: como ocorre
Segundo Marcella, a intoxicação alimentar ocorre justamente quando uma pessoa ingere alimentos ou bebidas contaminados por microrganismos prejudiciais, toxinas ou produtos químicos.
“Os sintomas de intoxicação alimentar podem variar dependendo do agente causador, mas geralmente incluem náuseas, vômitos e diarreia, dor abdominal, febre, mal-estar geral, com fraqueza, fadiga e dores musculares. Esses sinais podem surgir de algumas horas a alguns dias após a ingestão do alimento contaminado, pois o tempo de incubação varia dependendo de fatores como o agente patogênico envolvido, a quantidade de microrganismos ingeridos e o estado de saúde geral do indivíduo”, ela diz.
Lavar o frango, no entanto, não é a única causa da intoxicação alimentar. “Além da contaminação cruzada e da ingestão de alimentos contaminados por a bactérias, vírus, parasitas, toxinas e produtos químicos, a intoxicação alimentar também pode ser causada por fatores como consumo de água contaminada, armazenamento inadequado dos alimentos e falta de higiene pessoal durante o preparo”, afirma a médica.
Qual o tratamento indicado?
Nos casos mais leves, que tendem a durar pouco tempo e não causam desidratação, Deborah Beranger, endocrinologista com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ), explica que o tratamento consiste principalmente na hidratação oral e repouso.
“É importante também evitar alimentos que podem aumentar o quadro de diarreia, como aqueles ricos em gordura e leites e derivados”, afirma a endocrinologista.
Já em casos mais graves e persistentes, que duram por dias e são acompanhados de desidratação, vômitos, febre alta e diarreia acentuada, é fundamental buscar ajuda médica. “Nesses casos pode ser necessária internação para administração de hidratação venosa, reposição de eletrólitos, principalmente sódio e potássio, e uso de medicamentos para melhorar o enjoo e a cólica intestinal. Normalmente, remédios para diarreia não são indicados, pois esses patógenos têm que ser eliminados do organismo”, diz.
Para prevenir a intoxicação alimentar, Deborah afirma que é importante consumir frutas, verduras e legumes frescos e higienizá-los bem, consumir somente água filtrada, sempre lavar as mãos antes de manipular os alimentos e saber a procedência dos alimentos, principalmente daqueles que serão consumidos crus.
“Tome muito cuidado também com a tábua de corte, pois é comum que elas fiquem contaminadas com bactérias, levando assim a contaminação cruzada”, recomenda.